Dupla de pilotos de kart amador estreia na Novatos da Marcas e Pilotos da ECPA, vence e quebra hegemonia do líder do campeonato

Leonardo Ramos e Thiago Vargas estrearam na categoria Marcas e Pilotos da ECPA que acontece em Piracicaba, interior de São Paulo. A estreia muito bem sucedida incluiu a vitória de equipe e quebrou a invencibilidade do líder do campeonato de Marcas, o piloto Maurício Quagliato. Usando a experiência adquirida no kartismo amador, os pilotos puderam usar a experiência adquirida com os pequenos bólidos e isso ajudou muito para a concentração na corrida e para manter a calma e estratégia durante as duas partes da prova. Na primeira parte da prova o piloto Leonardo Ramos entrou largou na quinta colocação e se manteve até o fim nessa posição. Com o grid invertido do primeiro ao sexto colocado, Thiago Vargas foi para a segunda parte da prova largando em segundo lugar. Depois de conseguir a ultrapassagem, Thiago Vargas não deixou mais a ponta e venceu. Um belo resultado para a dupla estreante.

Conversamos com Leonardo Ramos pela internet, ele nos deu uma declaração, sobre a decisão subir um degrau no automobilismo e em paralelo ao kart amador, correr na categoria de Marcas. Contou também sobre a estreia na ECPA e como foi sua experiência inicial. Confira abaixo na íntegra

Kart Amador SP: Leo, como você foi parar ná ECPA?

Leonardo Ramos: A ideia de partir para “algo a mais” surgiu a partir do momento em que verifiquei que corria diversos campeonatos, dispendendo bastante grana todo mês. Além das baterias, mensalidades, havia também bastante gastos com alimentação nos kartódromos, além do próprio combustível para chegar às pistas. Na ponta do lápis, verifiquei que, para dar um passo maior, os gastos seriam praticamente os mesmos. Então, optei por substituir quantidade por qualidade, e ver no que daria. O alvo foi a Copa ECPA de Velocidade, categoria Marcas e Pilotos.

A partir de então, as coisas começaram a fluir naturalmente, passei a idéia ao Márcio Simão, organizador do Campeonato de kart THR, onde corro, e ao meu parceiro e amigo Thiago Vargas e, final de Abril, iniciamos as tratativas para darmos andamento ao projeto.

K.A.: Como foi a porta de entrada para o campeonato de Marcas?
L.R.: Primeiramente, precisávamos de um carro. Como eu tinha um contato bom com o Juka Gandelim, proprietário da Juka Motors, equipe bastante conhecida principalmente em Piracicaba e competições de velocidade na terra, ficou fácil, bastou um contato telefônico e ele nos conseguiu um Gol GIV pronto pra descabelar. Fase 1, cumprida. Já tínhamos o carro! Faltava o Thiagão regularizar sua Carteira de Piloto, fato que também conseguimos sem problema algum. Fase 2, OK!

Agora, já tínhamos o projeto, e condições legais de ingressarmos no certame. Faltava a Fase 3, conseguir colaboradores.

K.A.:Essa busca por patrocinadores para correr em um campeonato maior, foi mais complicada?

L.R.: Aí que veio a maior surpresa!  As vezes a gente “se mata” para conseguir patrocínio para andar de kart e não vem nada. No carro 95% das propostas foram aceitas logo de cara! Quando nos demos conta, amigos e familiares haviam abraçado a causa, e já tínhamos o pacote fechado para andar com tranquilidade. Primeiro veio o patrocínio da M2 Turbos, empresa que atua no ramo de montagem e retífica para turbinas. Quase que simultaneamente, conseguimos o patrocínio do restaurante República dos Camarões, um dos expoentes da gastronomia na Zona Leste de São Paulo. Ofereci a proposta para a Samuca Panos, que é de uma prima que é lojista e atua no ramo da moda, ela abraçou na hora. Em seguida, entraram em cena a Thor Carrocerias e a ImagemDecor Papéis de Parede, além da Decathlon, que veio nos apoiar através de um contato do Thiago lá na Região Sul, e a Rising Sun Motorsports, loja virtual de vestuário automobilístico, através do amigo Fábio Nakiri. Restava, então, definir o layout do carro, que optamos por deixar com as cores do THR (Preto com faixas laranja e branca), levá-lo à pista e treinar para ir aprendendo o comportamento de um tração dianteira, e ver quanto iríamos virar.

K.A: Aí, hora de ir para a pista, conta como foi o treino livres de reconhecimento do carro e pista?

L.R.: Marcamos o treino para dia 14/05, uma quinta-feira. Por questões profissionais, não pude comparecer no período da manhã. Assim sendo, o Thiago foi cedo, para começar a adesivar o carro, e ter o primeiro contato com um Turismo, e eu fui na parte da tarde.

Quando fui para a pista, na volta de aquecimento o carro começou a falhar um cilindro… recolhi aos boxes, os mecânicos substituíram uma vela, o problema foi resolvido. Nova tentativa, antes de abrir uma volta rápida, o carro apresenta o mesmo problema. Após bastante trabalho, descobrimos que o problema era dos bicos (entupiram – o carro havia corrido em Cordeirópolis – pista de terra – uma semana antes). Bicos substituídos, conseguimos ir para a pista e virar tempos muito bons (1.18.8 logo de cara, faltando coisa no carro e nos braços – a melhor volta da categoria Novatos até então havia sido 1.18.6). Nada mau!

Aí, restou aguardar dia 23/05, sábado, dia da estréia derradeira! Dia dos treinos livres oficiais para a 3ª Etapa da Copa ECPA de Velocidade!

O dia começou bom para nós. Apesar de sentir uma ligeira queda de performance, conseguimos o P2 da Novatos no primeiro e segundo treinos, sendo que não havíamos utilizado os pneus de treino e corrida, para poupá-los. Havíamos combinado de usar somente o último treino para fazer tempo e ver o comportamento do carro com os pneus (bem) melhores.

K.A.: Com pneus novos, carro acertado, como foi o treino do fim do sábado?

L.R.:Final da tarde de sábado, tudo ok, novos pneus montados, faca nos dentes! Vamos ver quanto vem agora! Não veio nada kkkkkkkk. Eu explico: a equipe substituiu uma lâmpada queimada (a luz-espia do alternador). Deste modo, o alternador passou a gerar mais voltagem, o que influenciou desde a vazão da bomba de combustível até a pulsação dos bicos injetores. Resultado: o carro já era! Havíamos perdido o mapa da injeção, não tínhamos qualquer referência sobre os novos pneus e pior: não havia mais tempo de acertar o carro no dinamômetro. Somente 20 minutos de qualify do domingo pra tentar acertar o carro mais ou menos…. quem entende de programação de mapas de injeção/ignição deve ter uma noção da encrenca em que nos metemos!

Chegou o dia da corrida. Carro quase zerado de mapa levo o carro pra pista. Extremamente gordo (mistura rica demais – muito combustível sendo injetado). Volto para os boxes, passo a informação para os mecânicos, desligo o carro, liga notebook, conecta no carro, altera mapa, desconecta, liga o carro, sai de novo. desta vez, o carro estava pobre demais (pouco combustível). Para novamente nos boxes, repete todos os procedimentos, vai pra pista com o carro gordo de baixa e pobre de alta, faz uma volta pé-de-breque que garante o P5, 0,6s mais lento do que um dia antes e usando pneus melhores. Fazer o quê, corrida é assim, bora mexer nesse mapa pra melhorar um pouco pra corrida.

K.A.: Bem na hora da corrida, a ansiedade, o carro desregulado, qual o foco principal numa hora dessa?

L.R.: Na volta de apresentação, através da leitura do wideband, já vejo que o carro está GORDO demais em baixa… Fazer o quê… tentar levar esse troço pro final… e assim foi, fiz uma corrida apática, de coadjuvante, tomando surra em toda saída de curva e nas retas e finalizando onde larguei: P5. Mas… como sabia que a corrida já tinha “acabado” assim que acelerei o carro na volta de apresentação, foquei a corrida toda na leitura da bendita wideband e no conta-giros, analisando a mistura em toda faixa de rotação, com o pé cravado, pra pedir para os caras melhorarem o carro para a segunda corrida.

K.A.:Bem, e como isso ajudou para que na segunda parte da prova o Thiago conseguisse a vitória?
L.R.: Graças aos instrumentos, pude passar as informações corretas para a equipe, que trabalhou no carro visando a última corrida do dia. E assim o Thiagão foi pra pista, largando em P2 (os seis primeiros colocados da bateria 1 invertem as posições para largar para a bateria 2). Em algumas voltas ele já era P1, e aí bastou administrar a tocada para finalizar a 1s do P2, até então invicto nesta temporada!

Foi um final de semana inacreditável, o carro foi uma verdadeira fênix, quem o viu no sábado à tarde jamais imaginaria que conseguiria pódio, muito menos que ganharia uma corrida! Só tenho a agradecer ao Juka pelo trabalho no carro, e principalmente ao Thiagão, que tocou MUITO e salvou o final de semana!



E assim foi a nossa conversa com Leonardo Ramos. Obrigado pelas declarações e parabéns aos dois pilotos saídos do kart amador e que estrearam com vitória, mostrando a qualidade dos nossos pilotos de rental kart.


Texto e imagens: Wellington Silva – Kart Amador SP