Confirmado para a temporada completa no Mercedes-Benz Challenge 2015, Mauricio Lund faz sua estreia na categoria.
Lund nos concedeu uma entrevista exclusiva, confira na matéria.
Considerado o berço do automobilismo, o kart ainda continua sendo a porta de entrada para outras categorias. E com o piloto e executivo Mauricio Lund não foi diferente. Começando a correr de kart aos 28 anos, brincou no kart amador até os 40 anos de idade onde decidiu se profissionalizar e passar por várias categorias até chegar na Mercedes-Benz Challenge C250, competição que terá a sua primeira etapa no próximo dia 22, no Autódromo Internacional de Goiânia.
No kartismo amador, participou de campeonatos como: KFF, CKC e AMIKA e ingressou no profissional em 2013, quando competiu nas 500 Milhas do Beto Carrero. Lund e os outros pilotos da KFF formaram a primeira equipe de pilotos de kart amador a participar e conseguir um pódio entre os profissionais, conquistando a 5ª colocação do Grupo B. Nos anos seguintes, o piloto foi se aperfeiçoando e chegou a fazer provas de Formula Alpie, Stock Junior, Marcas e Pilotos e na Porsche GT3 Cup Challenge.
Atualmente, é Diretor Executivo da KFF Pro Racing, equipe derivada da KFF Amadora e responsável também por levar pilotos amadores para outras categorias, assim como contribuir para que profissionais alcancem lugares mais altos no pódio. “As competições criam um ambiente propício para a realização de ambições definidas e isso é muito positivo para todos que estão envolvidos” – pontua.
Dedicando metade do seu tempo para as corridas, Lund afirma que o automobilismo vem ajudando muito na sua vida. “Tudo começou como um hobby, mas a prática do kart proporciona um efeito colateral muito grande: concentração e persistência, e isso eu levo para todas as outras áreas da minha vida, principalmente no lado profissional, o automobilismo tem me ajudado a ter mais concentração, mais qualidade de vida e uma disciplina muito grande” – resume o piloto.
O Mercedes-Benz Challenge, competição em que Lund fará sua estreia, está em sua quinta edição e será dividido em duas categorias: CLA AMG Cup e a C250 Cup, além dos torneios da Master AMG Cup e Master 250 Cup. O piloto e Diretor da KFF Pro Racing competirá na C250, ao lado de aproximadamente 40 pilotos, que disputarão oito etapas acontecendo paralelamente à Stock Car, Campeonato Brasileiro de Turismo, Copa Petrobras de Marcas e F3 Brasil.
Conversamos por telefone com ele para sabermos um pouco mais da sua experiência, expectativa e dicas de como um piloto amador pode se tornar um profissional. Confira
Kart Amador SP: Quantos anos você tem e quanto tempo está no automobilismo?
Mauricio Lund: Tenho 42 anos e comecei a competir no kart amador no primeiro campeonato brasileiro da AMIKA em 2005. Depois passei a correr no campeonato da AMIKA, em 2009 disputei a Fórmula Alpie; já em 2011 comecei a competir na CPKA e CKC de Campinas que foi quando começou a ficar mais séria a competição.
K.A.: Qual foi sua primeira experiência com o kart?
M.L.: A primeira vez que sentei num kart foi com 12 anos de idade, cheguei a treinar, mas nunca competi. Minha primeira competição aconteceu apenas em 2005.
K.A: Falando de kart amador, lembra da sua primeira vitória e das suas experiências?
M.L.: Demorou pra eu começar a ganhar, mas as primeiras vitórias vieram em 2010 quando eu fui terceiro lugar na temporada. Em 2011 comecei a frequentar mais o primeiro lugar do pódio. Em 2012 fui vice-campeão brasileiro de Kart Indoor na categoria Super Pesados. Em 2013 vice-campeão da CKC, vice-campeão do Torneio de Inverno da AMIKA, vice-campeão do Torneio Red Bull em Campinas e 5º lugar da categoria B das 500 Milhas do Beto Carrero.
K.A.: Qual a sua primeira experiência como profissional?
M.L.: Como profissional foi à partir de 2013 com a KFF Pro Racing nas 500 milhas de kart no kartódromo Beto Carrero e também fiz testes com os carros da Stock Jr. Aí em 2014 corri de marcas e pilotos, categoria Pró 500 e Rotax na Copa São Paulo de Kart.
K.A.: Qual a experiência que o kart amador te deu para as competições profissionais?
M.L.: O kart amador deu toda a experiência de competição propriamente dita, negociar ultrapassagem, ultrapassar, saber ganhar e perder, controlar a ansiedade em uma corrida, ter cabeça durante as provas, concentração mais apurada.
K.A.: Pulando agora para o profissional, como a KFF Pro Racing nasceu?
M.L.: Nasceu em 2013 só pra ir para as 500 milhas do Beto Carrero e daí em 2014 pra competir na categoria Pró 500 da Copa São Paulo e também participar novamente das 500 milhas.
K.A.: Na KFF Pro Racing, quantos pilotos tiveram experiência com o kart amador?
M.L.: Os pilotos Mateus Porto, Rodrigo Dantas, Wittold Phellip, Alberto Cattucci, William Freire, Marcio Battistin, Nicolas Costa e João Cunha já correram de kart amador, os únicos que vieram direto do profissional foram João Cunha e Nicolas Costa.
K.A.: Você que já correu nos dois carros, qual a diferença do Mercedes Challenge e do Marcas e Pilotos?
M.L.: Além de ser mais rápido, por não ser pneu radial o Mercedes é mais de competição, mais no chão. No Mercedes o câmbio é automático 4 marchas. A semelhança entre os dois é q tem tração traseira.
K.A.: Qual é a a expectativa da primeira prova de Mercedes?
M.L.: Aprender, acostumar com o carro e tentar tirar o melhor do que é possível. Na prova, em um grid de 20 carros o objetivo é chegar entre os 10 primeiros. Sei que é ambicioso, mas vou aprender a pilotar o carro e o circuito em pouco tempo.
K.A.: Na equipe KFF Pro Racing, qual a sua função hoje?
M.L.: Sou o diretor executivo que é basicamente responsável por tudo que acontece e no final, as decisões acabam sendo minhas e, além disso, o principal papel hoje é a busca de patrocinadores e o gerenciamento geral de toda equipe.
K.A.: Já ouvimos que quem anda de amador nunca vai ser profissional. O que você diria para os que andam de amador e querem se tornar profissionais?
M.L.: Eu acho o seguinte, o amador dá uma boa base para andar nas categorias de base do profissional sem estar totalmente cru, pra você chegar já com um nível de competitividade melhorado. Então é obvio que quem começa já no profissional, sofre muito mais pra aprender. O amador dá a capacidade de aprender num custo acessível.
Agora o que nunca vai acontecer é que o cara que corre de amador nunca vai ser convidado pra correr de profissional. Não existe um olheiro pra isso. Ele vai ter que forçar, inclusive financeiramente, pra começar a competir no profissional. Mas não pode pensar que correndo de amador e se destacando, um dia alguém vai convidá-lo pra correr e investir nele.
O que eu vejo acontecer, que é um erro, é que em vez de começar a correr na Pró 500 que é mais barato e é reconhecido pela CBA o piloto prefere correr em vários campeonatos amadores diferentes e acaba gastando praticamente o mesmo valor pra correr em uma categoria profissional. O piloto que preza quantidade de corridas em vez de qualidade vai ser amador sempre, nunca vai ser profissional porque escolheu correr mais vezes, ao invés de pensar em subir de categoria.
K.A.: Quais são as iniciativas que a KFF Pro Racing tem hoje para os pilotos?
M.L.: Existem duas iniciativas:
A primeira é que hoje a KFF Pro Racing disponibiliza treinos de Pró 500 para os clubes CKC de Campinas e KFF Amador.
A segunda é que também convidamos, quando tem disponibilidade de vagas, um piloto amador para participar de uma corrida de kart profissional disponibilizando toda a infraestrutura de telemetria, experiência dos pilotos profissionais e tudo mais para preparar os pilotos.
Além dessas duas iniciativas, o objetivo da KFF Pro Racing é preparar o piloto e fazer com que ele progrida, subindo de categoria, desde a Pró 500 até a Stock Car, passando pela Rotax, Marcas e Fórmula 1600.
Obrigado Lund pela entrevista e nesse fim de semana confiram Mauricio Lund estreando na Mercedes-Benz Challenge com a equipe KFF Pró Racing. Muito boa sorte.
Texto: Agência Girassol
Entrevista: Wellington Silva