Especial Nelson Piquet

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                  Irreverente: talvez esse seja o melhor adjetivo para classificar a personalidade de Nelson Piquet.

                  Arrojado: talvez esse seja o argumento mais apropriado para explicar o comportamento de Piquet nos boxes e na pista.

                  Estratégico: talvez essa seja a maior qualidade de Nelson Piquet nas corridas.

                É com o maior prazer que eu contrario a máxima de que “o melhor fica para o final”. Antecipar a matéria sobre Nelson Piquet foi uma realização prazerosa pela viagem da pesquisa em tantas fontes ricas de informação.

                Registro meu agradecimento a todos que tem algum conteúdo publicado na internet e meios impressos, especialmente aos que eu me servi, com o devido crédito no final dessa matéria, bem como aos amigos que me incentivaram e colaboraram na formação dessa maravilhosa estória sobre Nelson Piquet Souto Maior.

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O Primeiro Brasileiro Tri-Campeão de Fórmula 1 somou

                13 temporadas (entre 1978 e 1991)

                3 títulos mundiais (1981 e 1983 com a Brabham e 1987 com a Williams)

                204 GPs

                9872 voltas

                45.474 km percorridos

                24 pole positions

                23 vitórias

                60 pódios

                23 melhores voltas

                1.600 voltas lideradas (em 58 GPs)

                481,5 pontos marcados

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“Um dos maiores pilotos de todos os tempos” é um chavão que cabe justamente para alguns brasileiros. Com Nelson Piquet, isso fica mais verdadeiro pela qualidade de sua performance na Fórmula 1. Uma carreira construída superando adversários fortes e marcando presença com sua personalidade mais forte ainda.

                Rodrigo Mattar –que serviu de fonte para boa parte dessa matéria também– resume perfeitamente: “Piquet foi vencedor numa época em que terminar três corridas seguidas era um feito, dada a variedade de possibilidades entre as equipes e equipamentos. Tempos malucos, com carros que oscilavam sua performance entre uma corrida e outra. E com feras como Villeneuve, Prost, Mansell, Rosberg, Lauda, entre outros no mesmo grid”.

                Piquet extrapolava as condições que lhe eram dadas, fazendo mais do que podia na pista e no box. Assim se destacou na melhor época dos grandes pilotos da história do automobilismo mundial.

                Em 1981, com a Brabham de motor aspirado, venceu as Ferrari turbo. Em 1983 superou Renault e Ferrai, mais velozes com Alain Prost e René Arnoux. E em 1987 anulou a vantagem que a Williams dava claramente a Nigel Mansell. Outros grandes pilotos só foram campeões quando tiveram os melhores carros.

                “Ele foi campeão duas vezes com uma equipe que não ganhou o mundial de construtores. Piquet somava agressividade, capacidade estratégica e conhecimento técnico num nível diferente dos demais”,  define o repórter Marcelo Courrege.

                Assim encontramos tantos admiradores -do mais comum torcedor da Fórmula 1 aos melhores jornalistas especializados em automobilismo- aos quais tenho o prazer de me somar para mais um registro sobre esse gênio. Sim, gênio. Embora tenhamos o privilégio de disputar a defesa dos ídolos brasileiros na F1, aqui mantenho o foco no talento altamente competitivo e muitas vezes divertido de Nelson Piquet.

                Seus conhecimentos de mecânica aliados à astúcia de suas estratégias destacaram sua performance em diversas ocasiões. O GP da Espanha de 1987 é um dos exemplos: o circuito de Jerez de la Frontera tinha apenas dois pontos de ultrapassagem. Durante váááárias voltas, Senna segurou Prost e Rosberg que se revezaram em diversas tentativas frustradas, até Piquet retornar de uma parada no box, ultrapassar um a um e chegar em Senna que variou a trajetória evitando a ultrapassagem imediata. Em duas voltas, Piquet superou Senna.

                O acidente em Ímola (o primeiro grande susto dele e o primeiro acidente forte na reta torta Tamburello, em 1987) comprometeu 80% da profundidade da sua visão, além do sono e reflexos, problemas que Piquet não revelou na época para não ser impedido de correr.

                E, para completar, as últimas vitórias com a reconhecidamente inferior Benetton em relação a McLaren e Williams mostram claramente o tipo de piloto que foi Nelson Piquet.

                Altamente competitivo e com muito conhecimento técnico, Piquet sempre se destacou por conseguir acertar seus carros de forma a tirar o máximo em cada pista.

                Sem marketing nem carisma, fazia da Fórmula 1 um ambiente menos chato e político.

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Nelson Piquet Souto Maior nasceu no Rio de Janeiro no dia 17 de agosto de 1952. Filho de Estácio Gonçalves Souto Maior, médico pernambucano e ex-Ministro da Saúde (1961-62), e da dona de casa pernambucana Clotilde Piquet, viveu sua infância na recém-inaugurada capital Brasília, onde chegou com 8 anos de idade.

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Um resultado inesquecível da Camber foi o protótipo “Patinho Feio”, obra de Alex reconstruída com ajuda de Piquet para competir na “Divisão 3” onde venceu 7 das 9 corridas do Campeonato de Protótipos da Copa Planalto.

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Piquet fazia de tudo para correr, como quando levou o carro da irmã para trocar o óleo e esticou até Goiânia onde disputou e venceu uma prova de Turismo. 

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                1974 colocou Nelson Piquet no cenário da Fórmula 1, ainda coadjuvante mas já inserido no mundo em que destacaria. E muito! A inauguração oficial do autódromo de Brasília aconteceu no dia 3 de fevereiro com uma corrida extra campeonato de F1 que teve 12 pilotos no grid, entre eles: Emerson Fittipaldi (campeão mundial de 1972) com seu McLaren M23, José Carlos Pace num Surtees TS16 e Wilsinho Fittipaldi em sua última corrida pela Brabham, competindo no BT44.

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Os demais competidores eram Jody Scheckter – Tyrrell, Arturo Merzario – Iso-Marlboro, Hans-Joachim Stuck e James Howden Ganley – March 741, Jean-Pierre Beltoise e Henri Pescarolo – BRM P160, Jochen Mass – Surtees TS16 e James Hunt – March 731G.

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                O “Grande Prêmio Presidente Médici”, teve Carlos Reutemann na pole position e Emerson Fittipaldi na primeira fila. Reutemann quebrou na 12ª volta e Emerson Fittipaldi venceu à frente de Jody Scheckter, na despedida da Tyrrell 006, Arturo Merzario, Jochen Mass, Wilsinho Fittipaldi em quinto e Hans-Joachim Stuck em sexto. Pace chegou em nono lugar.

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                Depois disso, ajudado por alguns amigos, foi para a Europa seguindo o caminho aberto por Emerson Fittipaldi. Trabalhou como seu próprio mecânico, motorista e preparador, muitas vezes dormindo em vans alugadas.

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                Rodrigo Mattar (ele, de novo) tem uma foto fantástica no seu “Túnel do Tempo”, onde descreve: os dois grandes amigos dos tempos de Camber, a lendária oficina de Alex Dias Ribeiro, a bordo do bólido #9 com Nelson Piquet recém-chegado ao continente europeu. A March, desesperada porque o seu modelo 761 não andava nada naquele ano, construiu o seu F1 com seis rodas a exemplo do Project 34 da Tyrrell.

 

Ao contrário do carro da equipe dos carros azuis e brancos, o March que vemos na fotografia tinha duas rodas na dianteira e quatro na traseira. Um conceito ousado que, como todo mundo sabe, não trouxe resultados. Normalmente, das quatro rodas motrizes traseiras do 2-4-0, só duas funcionavam. O projeto foi logicamente engavetado e a FIA, anos depois, proibiria os Fórmula 1 de apresentar projetos de seis rodas.

 

Mas a imagem tem uma pegadinha. Já viram quantos pneus tem na traseira?

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                O grande Lemyr Martins conta que Piquet elegeu a F3 Européia porque era a vitrine da Fórmula 1 e competia nas preliminares dos GPs de Mônaco, Bélgica e Inglaterra. Piquet tinha assinado contrato com a March de Max Mosley durante o GP Brasil de 1977 e pilotou o March 773 com motor Toyota.

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                A performance de Piquet foi tão acima do esperado que chamou a atenção dos construtores de F1 na época. Jack Brabham, já tricampeão mundial de F1, assistia uma prova do filho Geofrey na F3 em Silverstone e ficou impressionado com o desempenho de Piquet, recomendando-o para Bob Sparshott, dono da BS Fabrication Team.

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                A incrível facilidade de adaptação de Piquet ficou clara rapidamente, naquele 18 de julho de 1978. Assim que chegou ao box #9, não fez cerimônia para entrar no cockpit do velho McLaren M23, ouvir poucas instruções e sair para a primeira volta num carro de Fórmula 1. Com pneus usados, Piquet foi para a pista com esse mesmo carro com que Emerson Fittipaldi fora campeão 4 anos antes. Após duas paradas no box, pediu alguns ajustes e passou a andar no seu limite buscando o tempo equivalente ao 16º colocado no grid do GP da Inglaterra de F1 de 1977, ninguém menos do que Jacques Laffite, da Matra.

                Sua estréia na categoria aconteceu em 30 de julho de 1978 no GP da Alemanha com um carro ultrapassado da equipe Ensign-Ford N177 número #22 (largou em 21º de um grid com 24 carros e não completou a prova, com problemas no motor Ford-Cosworth). O carro tinha um sério problema de câmbio, deixando a 4ª e 5ª marchas escaparem vez por outra, obrigando Piquet a correr com apenas uma mão no volante e a outra na alavanca de câmbio, o que lhe custou uma bela ferida na mão. Depois, declarou: “Acho que dá pra encarar a Fórmula 1 tranquilo, só falta carro…”

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                Mesmo com um dos dois piores carros do grid, Piquet passou a ser visto como uma futura promessa na categoria, o que lhe rendeu muitos elogios e a profecia certeira do chefe de equipe da BS Fabrications, David Simms: “Aposto meu dinheiro, com quem quiser, que Nelson Piquet será campeão mundial em três anos.”

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                1979 foi um ano difícil para os pilotos da Brabham que sofreram com o pesado e não muito confiável motor italiano V12. Na primeira prova da temporada, Piquet foi envolvido num múltiplo acidente e luxou o tornozelo direito. Duas semanas depois ainda tomava sedativos e não estava pronto para disputar o GP do Brasil. Mas decidiu se divertir “correndo para a arquibancada”. Antepenúltimo no grid de largada, com pouco combustível, saiu do 22º lugar para ultrapassar muitos carros. Em três voltas, foi para a frente de 8 pilotos, incluindo Elio de Angelis, Jochen Mass, Lauda, Patrese e Jarier. Até chegar em Regazzoni que fechou a porta 4 vezes e acabou tirando o bico do carro de Piquet, que desistiu na 5ª volta.

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                Piquet foi confirmado como segundo piloto da equipe inglesa, chefiada por Bernie Ecclestone, com Gordon Murray como projetista e o austríaco Niki Lauda como parceiro que contribuiu significativamente com dicas de acerto de carro, negociação e especialmente sobre comunicação com engenheiros e mecânicos.

 

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                Fora das pistas, a vida de Piquet na Inglaterra exigia certa criatividade para completar seus ganhos financeiros e preencher seu tempo livre. Ele morava perto da sede da Brabham e passava muito tempo na fábrica da equipe (“Ficava lá olhando, perguntando, aprendendo, fuçando, propondo, enfim, fazendo aquilo de que sempre gostei”, conta Piquet em seu livro “Eu me lembro muito bem”) até Bernie Ecclestone determinar que o novato Piquet só poderia passar pela fábrica duas vezes por semana para não ficar enchendo os mecânicos.  Então Piquet descobriu os leilões de carros e a oportunidade de completar o salário da Brabham.

 

                No livro, Piquet explica como funcionava o esquema: “Era fácil! Comprava o carro no leilão, dava uma caprichada nele, lavava e polia, regulava motor, sangrava freio, alinhava, enfim, fazia tudo o que o antigo dono tinha preguiça de fazer. O resultado era que o carro vendia rapidinho porque valia muito mais do que antes”. A experiência dos tempos de Camber, em Brasília, aliada à astúcia nata de Piquet faziam esse resultado ser bastante positivo. Ainda mais pela característica malandragem que, nesse caso, acontecia assim: “A primeira providência era vistoriar, bem cedinho, os carros expostos. Toda vez que achava um dos bons, ia logo, sem que ninguém visse, tirando fusíveis e botões para evitar concorrentes na hora do martelo. Punha os fusíveis e os botões no bolso e ia para casa, certo de que, na hora do ‘quem-dá-mais’, era eu quem levantava o braço primeiro!”

 

                Renato Rodrigues, meu grande amigo de kart amador além de atuante no operacional de corridas profissionais e, principalmente, aficionado da Fórmula 1 e fã incondicional de Nelson Piquet, buscou na sua coleção de revistas de outubro de 1990 (ou no anuário F1 500 GPs?) e contribuiu com mais uma passagem típica do ídolo: “na terceira corrida dele na F1, ele se classificou com um “temporal” bem a frente do Lauda, que era só o campeão do ano anterior…veio o Lauda e um engenheiro perguntar como ele tinha conseguido aquela volta. Piquet disse que havia mandado o mecânico retirar as 3 primeiras marchas do carro já que na Holanda as curvas eram de raio longo e ele usava a 4ª e 5ª na maior parte delas. O engenheiro do Lauda achou legal, espirituoso até, mas perguntou: ‘ok, mas como você sabia que daria pra sair do boxe no treino em quarta?!’  Aí vem aquilo que eu acho a marca do Piquet e que faz toda a diferença nessa estória: Ele respondeu que “foi a primeira coisa que testei nos treinos da sexta-feira”. O cara tinha essa capacidade de lançar estratégias e pensar a corrida toda desde o menor detalhe.”

 

                O ano de 1979 foi marcado por alguns acidentes e muitas quebras – foram 11 abandonos em 15 corridas, apenas 3 pontos e o 15º lugar na classificação final. Mesmo assim, Piquet terminou o campeonato no 15º lugar, com três pontos, um a menos que Lauda. A Brabham somou apenas sete pontos com os 3 de Piquet no GP da Holanda que serviram para ele se firmar como piloto de Fórmula 1, ainda mais pelo fato de Niki Lauda abandonar a carreira naquele ano, alçando Piquet à condição de primeiro piloto da equipe.

                Em 1980, a Brabham foi equipada com motor Ford-Cosworth e teve um ano fantástico. Piquet começou a ter ótimos resultados e disputou o título com o inglês Alan Jones, da Williams, até a penúltima etapa, no GP do Canadá, onde os dois colidiram na largada e, após a segunda largada, Piquet abandonou por quebra de motor. Com duas poles e 3 vitórias, foi vice-campeão.

                Melhor do que o vice-campeonato foi sua primeira vitória na Fórmula 1, no GP dos Estados Unidos, no sinuoso e traiçoeiro circuito de rua de Long Beach, à frente de René Arnoux (Renault), Patrick Depailler (Alfa Romeo) e Alan Jones (Williams). Aos 27 anos, Piquet colocou sua Brabham BT48 #5 na pole position, venceu de ponta a ponta e ainda fez a volta mais rápida. “Barba, cabelo e bigode” com direito ao pódio memorável com Emerson Fittipaldi que, com o 3º lugar com seu Fitti1, frequentou o pódio da F1 pela última vez, depois de ter largado em último. Uma senhora passagem de bastão!

 

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                Embalado, Piquet fez uma temporada memorável em 1981 numa intensa batalha contra Carlos Reutemann que estava preparado para fazer a Argentina voltar a comemorar um campeonato mundial depois de 24 anos do penta de Fangio. O duelo Brasil-Argentina foi mais sensacional justamente nas etapas disputadas nos dois países: em Jacarepaguá, Reutemann se deu bem porque Piquet apostou nos pneus slick quando a pista ainda estava molhada, fazendo a imprensa argentina afirmar que ensinara samba no circuito carioca. Duas semanas depois, o GP da Argentina teve pole, vitória e volta mais rápida de Piquet, ensinando tango em Buenos Aires.

 

                Um acontecimento marcante teve lugar durante o GP da Inglaterra onde Piquet se acidentou por causa do estouro de um pneu a 250 km/h na veloz curva Becketts com tal intensidade que poderia ter tido consequências muito piores do que apenas um joelho ralado.

 

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                Naquela altura do campeonato, Carlos Reutemann somava 43 pontos contra apenas 26 do brasileiro. Na última etapa, no GP de Las Vegas, Piquet marcou 2 pontos pela 5ª colocação enquanto Reutemann não pontuou (chegou em 8º). Assim, de novo nos Estados Unidos, mais uma festa de Piquet, dessa vez a mais importante: o título de Campeão Mundial.

 

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                1982 foi um ano difícil que exigiu de Piquet seu talento como desenvolvedor de carros. A Brabham se associou à BMW que inseriu seu motor turbo não muito competitivo pela inadequação do sistema de freios, exigindo que Gordon Murray modificasse o chassi enquanto a equipe reutilizava o modelo BT49D do ano anterior com motor aspirado.

 

                O GP do Brasil foi uma prova sensacional. Eu estava lá e vi Piquet largar em 7º lugar para, desde a primeira volta, fazer ultrapassagens empolgantes sobre Reutemann, Lauda, Arnoux, Villeneuve e Rosberg até restar apenas Prost com seu poderoso Renault-Turbo. No retão de Jacarepaguá, Piquet ultrapassou Prost e fez a galera levantar das arquibancadas. Deu certo porque Piquet venceu o GP do Brasil em Jacarepaguá e deu errado porque teve sua vitória cassada pela alegação do carro estar abaixo do peso mínimo, o que valeu também para Rosberg. Para pesar os 580 kg exigidos na época, a Brabham usou o artifício de instalar uma “caixa preta” cheia de água que era dispensada durante a corrida… Assim a vitória caiu no colo do francês, numa aparente jogada política da Renault e Ferrai, com um artigo do regulamento que só valeu naquela corrida.

 

                A partir do GP da Bélgica, a Brabham/BMW voltou a utilizar o modelo BT50 Turbo com o qual Piquet chegou em 5º e venceu em Montreal, no GP do Canadá que ficou marcado pela morte do italiano Ricardo Paletti que se chocou na traseira da Ferrai do francês Didier Pironi que não conseguiu largar.

 

                Pra descontrair, outro episódio ‘a la Piquet’: durante o GP da Alemanha, liderando a corrida, Piquet se aproximava do momento da troca de pneus e reabastecimento. Eliseo Salazar (um sobrenome que termina com essa palavra não é bom sinal) era retardatário e começou a ser ultrapassado na freada da chicane norte. O chileno esqueceu que era conhecido de Piquet desde quando eles eram recém-chegados na Europa (inclusive correram juntos de Turismo) e simplesmente não freou nem deu espaço, mantendo a mesma trajetória e enchendo o lado esquerdo da traseira da Brabham, tirando os dois da corrida numa tremenda barbeiragem. Piquet desceu do carro furioso e partiu pra briga socando e chutando Salazar.

 

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“Salazar não é piloto, é motorista”, declarou Piquet.

 

                Tudo isso contribuiu para a temporada ser difícil para Piquet, que terminou apenas na 11ª colocação, com 20 pontos.

 

                O campeonato de 1983 foi sensacional, especialmente para Piquet que enfrentou a Renault de Prost e Arnoux, vencedores de 8 GPs no ano. Piquet venceu 3: Brasil, Itália e Europa, o suficiente para se tornar bicampeão mundial! Foi o confronto dos motores turbocomprimidos na F1: Ford Cosworth V8, Ferrari V6T,  BMW L4T, Renault V6T, Alfa Romeo V8T, Honda V6T e Hart L4T. Valeu a tática do box que era ganha por quem soubesse abastecer e trocar os pneus no melhor momento da corrida.

 

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                A segunda prova teve um lance genial da Brabham. Enquanto todos largavam com menos combustível, a equipe apostou que o motor BMW conseguiria usar apenas um tanque de combustível naquele circuito de rua e Piquet largou de tanque cheio para as 60 voltas da corrida. Deu certo porque, faltando três voltas para o final, ele liderava com folga. Deu errado porque um pneu furou e ele acabou em 4º lugar.

                Na etapa da Holanda (a 12ª da temporada) Piquet estreou as novidades de Gordon Murray na suspensão e na aerodinâmica do BT52. Voou em Zandvoort. Até a panca a 240 km/h no guard rail. O BT só teve a suspensão quebrada e parte da carenagem arrancada. Piquet assustou. Estavam ótimos para reagir no campeonato.

               

                O título veio na última prova, GP da África do Sul em Kyalami, quando Piquet chegou em 3º e seu companheiro de equipe -Ricardo Patrese- venceu naquele sábado, 15 de outubro. O bicampeonato na era turbo teve um incrível suspense na reta final. A grande sacada de Piquet e Gordon Murray foi inverter a tática do reabastecimento, largando com pouco combustível para abrir e reabastecer, obrigando a concorrência a forçar o ritmo e tornando as corridas bem mais interessantes. Piquet somou 2 pontos à frente de Prost.

 

                1984 e 1985 foram os anos da McLaren de Ron Dennis que despertou para Niki Lauda e Alain Prost vencerem esses campeonatos. As inovações de Gordon Murray na Brabham não foram suficientes, embora Piquet tenha conquistado 9 poles igualando-se a Ronnie Peterson e Niki Lauda, liderou várias provas mas abandonou muitas com problemas mecânicos. Terminou 1984 em 5º lugar, com 29 pontos.

 

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                1985 foi o último ano de Piquet na Brabham amargando apenas a 8ª colocação com 21 pontos no campeonato. Bernie Ecclestone assinou um contrato de fornecimento de pneus italianos da Pirelli, um desafio gigantesco.

 

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              Nelson Piquet assinou contrato com a Williams-Honda para as temporadas de 1986 e 1987, tendo como companheiro o inglês Nigel Mansell para desenvolver o motor turbo da Honda. A disputa interna durante todo o ano de 1986 facilitou o caminho do bicampeonato de Alain Prost com a McLaren. Mansell foi vice e Piquet terminou em terceiro. Piquet venceu quatro GPs (Brasil, Alemanha, Hungria e Itália).

 

 Dois momentos marcantes de Piquet em 1986:

 

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                Foi nesse ano que Frank Williams sofreu o acidente que o deixou paraplégico. Após acompanhar os testes do novo carro no circuito de Paul Ricard, ele acelerava forte na estrada até Marselha quando o piso escorregadio provocou uma derrapagem, a batida e o choque em seu pescoço. Durante sua recuperação, o diretor técnico da equipe, Patrick Head, assumiu o cargo de chefe de equipe permitindo a disputa interna entre Piquet e Mansell. Foi como se houvessem duas equipes: a “Williams I” com Piquet e seu engenheiro Frank Dernie e a “Williams II”, com Patrick Head favorecendo Nigel Mansell.

 

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                Mais uma vez, Piquet deixou sua marca: na 15ª volta do GP da Alemanha, em Hockeinheim, Mansell errou uma freada e prejudicou os pneus. A equipe então se preparou rapidamente para receber Mansell no box para colocar pneus novos mas quem apareceu primeiro foi Piquet que, brilhantemente, antecipou sua parada (ele viu a errada do leão e apostou que a equipe estaria pronta para a troca). Malandragem genial que deu a vitória a Piquet e o 3º lugar para Mansell.

 

                Na última corrida do ano, o GP da Austrália, em Adelaide, os três pilotos tinham grandes chances de conquistar o título. Durante a prova, Mansell teve uma grande habilidade ao segurar o carro após o estouro de seu pneu traseiro, abandonando logo em seguida. A equipe pediu para Piquet economizar os pneus, por motivos de segurança. Isso fez com que Prost conseguisse terminar a prova na frente e vencer o campeonato daquele ano.

 

                Piquet e Mansell marcaram a Williams com sua batalha nos bastidores. Patrick Head, projetista e chefe da equipe, foi contra a ida de Piquet para a Williams por preferir que um piloto inglês vencesse com o carro.

 

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                Intercalando altos e baixos, 1987 foi outro ano excelente para Piquet, apesar de Mansell ter conquistado mais vitórias (6 contra 3). Além da disputa pessoal, Piquet e Mansell ainda tinham que cuidar dos concorrentes, especialmente Prost com a McLaren e Senna com a Lotus Honda Turbo igual ao da Williams.

 

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                Piquet sofreu um grave acidente na sexta-feira do GP de Ímola, na curva Tamburello, quando pulverizava os tempos durante o treino. O pneu traseiro direito estourou a 290 km/h e o carro foi contra o muro. Piquet chegou a ficar desacordado e passou a conviver com problemas de concentração e sono nos meses seguintes. O Dr Sid Watkins, diretor médico da F1, proibiu Piquet de participar da corrida, mesmo sem nenhuma anormalidade nos exames neurológicos. Piquet tinha cravado 1min25s897, tempo para a 2ª posição no grid.

 

Nota: o GP de Ímola foi disputado no dia 3 de maio, domingo. Se o acidente ocorreu na sexta-feira, então era dia 1º de maio. Maldita coincidência: 1º de maio, curva Tamborello…

 

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                Antes do acidente, Piquet dormia até no cockpit quando queria, relaxando facilmente. Depois, não conseguia mais de duas horas seguidas de sono. Não sentia dor, mas sofria com concentração e a perda da noção de profundidade dificultava muito a aproximação, deixando Piquet inseguro e tendo que fazer muita coisa na base da intuição. Mesmo assim, Piquet e Mansell disputaram o título corrida a corrida – e Piquet, para evitar que o acerto do seu carro fosse passado ao inglês, lançava mão de suas conhecidas artimanhas, como testar com uma configuração ruim do carro, que muitas vezes seria copiada pelos mecânicos de Mansell, e alterá-la completamente minutos antes do treino ou da corrida. Piquet aproveitava o regulamento que permitia carro reserva, treinando com o carro titular e deixando o reserva para a corrida. Depois do warm-up, mudava todo o acerto.

                A Williams dominou a temporada e Piquet deu o troco com um pouco de sorte e muita malandragem, escondendo informações sobre o acerto do carro e garantindo 4 poles e 11 pódios numa verdadeira batalha interna com Nigel Mansell. Por exemplo, na 11ª etapa, em Monza, quando o brasileiro estreou a suspensão ativa que ele tinha desenvolvido em seu carro, conquistando a pole e vencendo a corrida. Na prova seguinte, em Portugal, o novo componente foi colocado no carro do piloto inglês que não entendia o funcionamento correto e não conseguia um acerto adequado enquanto Piquet extraia o máximo proveito. Era o ponto fraco do inglês que preferia o sistema convencional de suspensão, menos exigente no acerto.

                Patrick Head, atendendo os apelos de Mansell, decidiu retirar a suspensão ativa dos dois carros. A Williams alegou que o componente não estava testado e aprovado o suficiente e os carros voltaram a ter desempenho igual.

                Mansell venceu na Espanha e no México e os dois chegaram no Japão com 12 pontos de vantagem para Piquet.

 

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                Para a temporada de 1988, a Honda, consagrada com o melhor motor turbo da época, deixou a Williams para equipar McLaren e Lotus. Senna trocou a Lotus pela McLaren, abrindo espaço para Piquet que, apesar do título em 1987 pela Williams, transferiu-se para a Lotus, levando o #1 e tornando-se o piloto mais bem-pago da F1.

 

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                O diagnóstico de Piquet: “uma merda”. Traduzindo: o carro apresentava excessiva torção na parte traseira do chassi. Segundo comentários da imprensa automobilística internacional, o desequilibrado Lotus 100T tinha a estrutura rígida de uma casquinha de sorvete. O motor não era problema por causa do baixo rendimento do carro que não evoluía, apesar das alterações aerodinâmicas feitas por Gerard Ducarouge.

 

                A equipe já não contava mais com Collin Chapmann (falecido) e passou a experimentar uma decadência que puniu Piquet com a 6ª colocação no campeonato, resultado de um ano cujos melhores resultados foram três terceiros lugares.

 

                Mesmo em equipes diferentes, Piquet e Mansell se enroscaram no GP do Japão. A Williams rendia muito mais do que o difícil Lotus naquele circuito que exigia mais do que o rígido chassi conseguia performar. Piquet já estava decidido a abandonar quando viu o Leão chegando para ultrapassar e resolveu ficar mais um pouco na prova, fechando-o algumas vezes até Mansell bater na traseira do Lotus, sem ter visto Piquet sinalizar a mudança de traçado para desacelerar.

 

                A segunda temporada de Piquet na Lotus foi ainda mais difícil. Para 1989, a equipe havia perdido o fornecimento dos motores Honda e passou a usar um dos motores mais fracos da época, o Judd. O projetista inglês Farnk Dernie, da época de Piquet na Williams, passou a integrar o time de Peter Warr, mas não conseguiu dar condições para Piquet ir além do bloco intermediário. Em Spa-Francorchamps, nem Piquet nem Satoru Nakajima se classificaram para o GP da Bélgica, fato inédito para a equipe britânica.

 

                Cumprindo as últimas três provas pela escuderia britânica, o melhor que ele conseguiu foi o 4º lugar no Japão; na última prova, o GP da Austrália, com chuva, na reta Brabham, Piquet acertou a traseira do Osella do italiano Piercarlo Ghinzani (última corrida na carreira). Numa despedida sem grandes resultados, Piquet fechou a temporada na oitava posição, com apenas 12 pontos.

 

                Desiludido com as duas temporadas na Lotus, Piquet assinou contrato com a Benetton para 1990. A escuderia anglo-italiana, fundada em 1986, havia comprado a antiga Toleman e contava com um carro bem projetado com os confiáveis motores Ford. Flavio Briatore também contratou o projetista inglês John Barnard. image42

 

 

                No ano em que Senna barbarizava a Fórmula 1 com a McLaren, Benetton e Piquet tiveram um desempenho discreto, mesmo fazendo boas corridas. A falta de potência do motor Cosworth V8 era compensada pelo notável equilíbrio do chassi do carro.

 

                As duas últimas provas valeram o ano. A penúltima etapa foi aquele GP do Japão que, na primeira curva depois da largada, Senna venceu o campeonato vingando-se de Prost. Além do título de Senna, essa prova foi especial pela primeira vitória de Nelson Piquet na categoria após três anos de jejum, pelo primeiro pódio de Roberto Pupo Moreno e pela dobradinha histórica.

 

                Com o acidente entre Senna e Prost e a rodada de Berger, Mansell liderava de Ferrari com Piquet em 2º e seu amigo de adolescência em 3º (Moreno estreando como substituto de Alessandro Nannini, que havia sofrido um gravíssimo acidente de helicóptero que lhe afastou em definitivo da Fórmula 1).

 

                Quem conta muito bem o final dessa estória é (outra vez) Rodrigo Mattar: “Piquet praticamente conduziu a Benetton ao patamar de equipe grande. Com sua experiência e trabalho incansável, fez do B190 com motor Ford Cosworth DFR V8 um bom carro. Não um carro vencedor, mas um bom carro. E Moreno, igualmente incansável, lutador como poucos que já existiram na história, era recompensado por todo o seu esforço.

                Moreno comera o pão que o diabo amassou na Lotus como piloto de testes e em tudo mais o que guiara até aquele dia fatídico. Fórmula 2, Indy, Fórmula 3000, as carroças de AGS, Coloni e EuroBrun. Ele merecia coisa melhor. E queria provar que merecia.

 

                Quando a transmissão da Ferrari de Mansell, líder absoluto, quebrou de forma patética após uma parada para troca de pneus, a dobradinha caiu no colo da dupla da Benetton. Com a categoria que Deus lhe deu, Piquet administrou. Com igual maestria, Moreno comboiou. E muita gente – eu, inclusive – se emocionou e chorou.”

 

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Momento Piquet: para quem achava que Piquet “já era”, essa vitória fez ressurgir o velho moleque que chegou na coletiva de imprensa com “Muito prazer. Meu nome é Nelson Piquet.”

 

                Na sequência veio a última etapa da temporada, o 500º GP de F1. Adelaide, na Austrália, foi palco de um fim de semana especial. A FIA homenageou todos os campeões mundiais e Nelson Piquet obteve uma vitória espetacular.

 

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                McLaren, Ferrari e Williams se sobrepunham à Benetton B190 de Piquet que, com seus 38 anos, deu um show no circuito urbano. Agressivo desde a largada em 7º lugar, pulou pra 5º e ficou na tocaia do pega entre Senna, Berger, Prost e Mansell. Piquet ultrapassou Berger, despachou Prost e ganhou a liderança quando Senna abandonou faltando 20 voltas para o fim da prova.

 

                A cereja do bolo foi o pega entre Piquet e Mansell no final da prova. O baile que o brasileiro deu no seu antigo rival terminou no final da reta Brabham (tinha que ser…) quando Mansell tentou ultrapassar Piquet que, num lance sarcástico e proposital, ignorou a tentativa e seguiu o traçado normal. O brasileiro soube simplesmente escapar da loucura do piloto da Ferrari que chegou freando muito tarde, muito forte e desesperadamente. Essa manobra arriscada levou Mansell pra fora da curva mais fechada do circuito enquanto Piquet acelerou para a vitória. Depois explicou: “Eu sabia que era só atiçar que ele vinha. E o babaca veio”.

 

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                Com essas duas vitórias seguidas, Piquet terminou o campeonato em 3º com 43 pontos e fechou o ano dando a volta por cima, atrás somente de Senna/McLaren e Prost/Ferrari.

 

                Em 1991 disputou sua última temporada na Fórmula 1, tendo como companheiro de equipe o brasileiro Roberto Pupo Moreno, depois substituído pelo jovem e talentoso Michael Schumacher, que estreava na categoria patrocinado pela Mercedes.

 

                Com 34 pilotos disputando a temporada, Piquet e Moreno encararam Prost e Alesi na Ferrari, Mansell e Patrese na Williams e Senna e Berger na McLaren. A Benetton não era um foguete, mas o equilíbrio do chassi compensava o desempenho do V8 Cosworth e calçava muito bem o carro com os eficientes pneus Pirelli. Colheram alguns ótimos resultados, como no GP dos Estados Unidos, onde Piquet foi Piquet no pódio.

 

 

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                A única vitória de Piquet nesse ano foi também sua última na F1, no GP do Canadá. Mansell liderava até que, na última volta, “o idiota veloz” desacelerou para acenar para os torcedores e o carro, que necessitava de giro alto constante para manter a energia elétrica, simplesmente apagou (a nota oficial da equipe afirmou ter sido uma pane elétrica).

 

                Após vencer a corrida, Piquet passou pelo carro parado de Mansell, acenando para o rival. Depois declarou: “Quase tive um orgasmo, quando vi o Mansell parado…”

 

                Na 12ª etapa, em Monza, Piquet comemorou seu 200º GP!

 

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Na celebração durante o GP da Itália, com Michael Schumacher, Riccardo Patrese, Jean Alesi e até Nigel Mansell

 

                Piquet encerrou sua carreira na F1 ficando em sexto lugar no campeonato, com uma vitória e três pódios.

 

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                Durante 1992, Piquet flertou com a Ferrari que havia sonhado em tê-lo na equipe, mas os altos valores pedidos pelo piloto impediram o acerto. Definitivamente fora da Fórmula 1, Piquet aceitou um convite para participar das 500 Milhas de Indianápolis, pela equipe Menards, que lhe disponibilizou um Lola equipado com motor Buick.

 

                Piloto e carro se entenderam muito bem desde as primeiras voltas e logo Piquet se destacou como o mais veloz dos estreantes na Fórmula Indy. Com sua impecável condução, assumiu o 6º lugar na geral.

 

                Num treino dia 7 de maio, um problema num pneu (especula-se um furo lento) fez o carro perder estabilidade na entrada da curva 4 do circuito oval de Indianápolis, levando Piquet a estampar o muro a mais de 350 km/h. 

 

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                O pé esquerdo foi o mais afetado, o que gerou uma brincadeira de Alessandro Nannini, companheiro do brasileiro na Benetton em 1989/1990 e que teve metade do braço direito decepado num acidente de helicóptero. Quando Piquet se acidentou, Nannini telefonou e disse: “Agora, se juntarmos os meus pés e suas mãos, ainda podemos formar um bom piloto”.

 

                Do autódromo, Nelson foi levado para o Hospital Metodista de Indianápolis, onde passou por uma primeira cirurgia, que durou cerca de cinco horas. Várias cirurgias reconstruíram os membros inferiores, mas deixaram sequelas.

 

                Com muito esforço e uma recuperação satisfatória, Piquet voltou às 500 Milhas de Indianápolis no ano seguinte, pela mesma equipe Menards, demonstrando muita coragem para enfrentar novamente os desafios da pista. Classificou-se em 13º lugar mas não conseguiu completar a prova devido à quebra do seu motor Buick.

 

                O afastamento das competições oficiais das categorias máximas passou longe de ser uma aposentadoria.

 

                Em 1994, Piquet estreou nas Mil Milhas de Interlagos dividindo o BMW M3 GTR com Ingo Hoffmann e o venezuelano Johnny Cecotto. O trio chegou a liderar 10 voltas da disputa, mas uma longa parada de 20 minutos -por conta de um problema no diferencial- acabou com as chances de vitória.

 

 

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                Em 1996 e 1997, Piquet correu apenas por prazer em provas de longa duração como as 24 Horas de Le Mans e as 24 Horas de Spa-Francorchamps. A edição das Mil Milhas de 1997 foi realizada em Brasília por conta de obras em Interlagos. Correndo em casa, Piquet venceu com folga pilotando um McLaren F1 BMW com o venezuelano Johnny Cecotto e o inglês Steve Soper. 21 voltas sobre o segundo colocado (Porsche 911 de André Lara Resende/Régis Schusch/Maurizio Sala) além de terminar a prova no menor tempo até então – 10h05min10s789 – e com a maior média de velocidade – 159,587 km/h.

 

                Como empresário, Piquet fundou em Brasília a empresa Autotrac, pioneira no país em monitoramento de caminhões de carga, além de rede de lojas de pneus e uma revenda de automóveis da BMW (Piquet BMW).

 

                Após desentendimentos com a Confederação Brasileira de Automobilismo – CBA, Piquet também tentou fundar uma entidade paralela, a Liga Independente de Automobilismo – LIA, que não vingou.

 

                Em meados dos anos 2000, o tricampeão passou a se dedicar principalmente a gerenciar a carreira do filho, Nelson Ângelo Piquet, o Nelsinho Piquet.

 

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                A história se encarregou de homenagear Nelson Piquet ao longo do tempo, em ocasiões especiais, como em 27 de novembro de 2011, antes do GP Brasil de F1. Piquet desfilou a bordo do carro com que conquistou seu primeiro título mundial, a Brabham-BT49C de Bernie Ecclestone: “É muito bom pessoalmente e pela família, que nunca me viu andar na Fórmula 1. É um carro maravilhoso que me deu o primeiro título mundial em 1981.” O ex-piloto foi ovacionado pelo público presente que, de pé, aplaudiu o ídolo nas arquibancadas. 

 

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                 O GP do Brasil de Fórmula 1, em 2012, foi palco de outra performance de Piquet. Deram-lhe um microfone e pediram para ele entrevistar os 3 vencedores no pódio (Button/McLaren e Alonso e Massa/Ferrari).

 

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                Piquet foi convidado para ser o mestre de cerimônias também do GP do Brasil de Fórmula 1, em 2014. Durante os treinos livres de quinta-feira, circulando pelos boxes de Interlagos, Piquet foi entrevistado. Opinando sobre a tecnologia embarcada nos atuais bólidos da F1, disse textualmente que “qualquer imbecil pilota na F-1 moderna”.

                Piquet desfilou seu humor sacana durante todo o fim de semana, mas caprichou mesmo no dia da corrida. Em um de seus melhores dias, ao ser provocado a explicar a provocação anterior, a metralhadora foi disparada: “Hoje na Fórmula ,1 você pode ser um total imbecil de não saber como funciona um motor, mas se o cara for rápido e não errar, ele faz o serviço dele. O que não é legal é esse negócio de ‘vamos fazer uma corrida para o público’. Não concordo com esse negócio de abrir asa, tirou um pouco… A técnica toda, isso e aquilo, acabou. E outra coisa também é a briga de pneu. Isso deveria ter. Não podia ser uma marca só. É bacana e o desenvolvimento ajuda as fábricas a ter compostos melhores. Eu acho uma merda do jeito que está. Não queria correr em uma F-1 dessas. Gostava mais no meu tempo que tinha essa coisa de ultrapassar.”

                O tricampeão mundial acompanhou a participação vitoriosa do filho Pedro que, aos 16 anos, tornou-se o mais jovem vencedor da Porsche GT3 Cup Challenge Brasil, que largou na pole e liderou todas as voltas da preliminar da F1. Comemorando a vitória do filho, corujou o campeão da Fórmula 3 Brasil que jamais havia disputado uma corrida de Turismo: “Não quero falar nada, não, gente, mas o moleque é rápido pra caramba e não erra. Está indo muito bem!” – e saiu do pódio carregando o troféu e a garrafa de champagne do filho.

                Passeando pelo paddock, Piquet deu um longo abraço em Bernie Ecclestone e atendeu fãs com selfies e autógrafos até ser solicitado para participar ao vivo de um programa esportivo que o fez lembrar de uma vez em que, já no cockpit, foi perguntado por um repórter se ele iria correr para vencer a prova: “Não, vou correr pra chegar em 5º!”

 

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                Mas o melhor ainda estava por vir. O ponto alto aconteceu no pódio durante a entrevista com os 3 primeiros colocados (Rosberg, Hamilton e Massa).

                Depois do depoimento básico do vencedor, dirigiu-se a Hamilton: “Lewis, tenho que confessar que sinto muita inveja de você por causa de sua namorada (a cantora Nicole Scherzinger). Onde ela está?” – ao que Hamilton respondeu sem graça: “Em casa, ela não veio ao Brasil.”

 

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                Nelson Piquet retornou à pista numa ocasião muito especial: um treino da Porsche GT3 Cup Challenge Brasil 2014, em Curitiba.

 

 

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                Piquet fez duas sessões de teste com um 911 GT3 Cup “991” da categoria Porsche Cup, enquanto Pedro teve três sessões de 45 minutos cada para pilotar um modelo da geração “997”, utilizado na Porsche Challenge, e no final da programação experimentou o “991”.

 

                Foi o primeiro contato de Piquet com um Porsche de corrida. Ao sair do carro estilizado com a pintura alusiva ao Brabham com o qual foi campeão mundial em 1981, declarou: “Estou velho, cansei logo. Sempre gostei de Porsche, mas nunca havia guiado um de corrida.”

 

                O tempo espaçou a presença de Piquet nas pistas, agora coadjuvante. No GP da Áustria de F1, em junho de 2015, os ex-pilotos relembraram seus bons tempos com suas velhas máquinas. Além de Piquet, Lauda, Prost, Berger, Alesi, Patrese, Pier Luigi Martini e Christian Danner foram para a pista com seus respectivos bólidos.

 

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                O clã Piquet continua com o acelerador pleno, multiplicando a história do Nelsão pelas pistas do Brasil e do mundo. Em 2015 eles foram homenageados numa noite de gala, durante a premiação do “Capacete de Ouro”, o “Oscar” do automobilismo brasileiro.

 

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                Os inevitáveis comparativos, no caso de Piquet, ficam ainda mais interessantes pela mistura de épocas. O nome de Piquet navega desde a origem da categoria com Jim Clark até a atualidade com estrelas como Hamilton e Alonso. Com mais de 750 pilotos e quase 70 anos de história, a F1 forma rankings de tempos em tempos, cada hora por um referencial. Piquet frequenta todos!

 

                Senna, Schummacher, Fangio, PIQUET, Prost, Jim Clark, Lauda, Jackie Stewart, Hamilton e Alonso é um Top 10. Em outra lista, Senna é 5º, Piquet é 7º e Emerson 8º. Um debate sem fim que conta até com estudo científico de universidade. O denominador comum acaba sendo a presença de Piquet e Senna, polarizando a disputa especialmente entre nós, brasileiros, que tivemos o privilégio de poder torcer por dois dos maiores nomes da história do automobilismo mundial. Piquet é ídolo, Senna é herói. Azar daqueles que alimentaram a rivalidade, em vez de curtirem o auge do Brasil na Fórmula 1. Piquet também deu sua opinião quando todos ainda estavam na ativa, aliás carregada de uma das suas maiores características: a acidez.

 

“Senna é o melhor piloto? Porra nenhuma! Melhor é o Prost, que é tetracampeão.”

 

 

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Sempre direto, sincero e às vezes imperdoável, Piquet dava suas opiniões sobre alguns companheiros de pista:

“Senna se arrisca demais; Prost é cheio de frescura; Rosberg muito confuso; e Arnoux, um panacão.” 

 

“O Villeneuve devia usar o capacete um número menor e isso espremia sua cabeça. Era só ele colocar o capacete e sair fazendo besteira.”

“Prost jamais guiou um carro ruim e era feio pra cacete. Eu sacaneei tanto ele que, quando me via, desviava. Passou meia temporada fugindo.”

 

                Entre todos os pilotos, havia um especialmente preferido para ser metralhado por Piquet: Nigel Mansell conviveu e competiu o suficiente para ser alvo de críticas e comparações dentro e fora da pista.

 

“Eu moro em Mônaco, ele na Inglaterra. Eu jogo tênis, ele joga golfe. Eu gosto de mulher bonita, ele de mulher feia. Eu tenho três campeonatos, ele não tem nenhum.”

 

                A Fórmula Indy foi assim definida por Piquet: “É uma categoria para aposentados, como eu. Na Indy não se aprende nada.É a escolha errada para quem está começando. Na Europa é mais difícil, mas é onde se aprende.”

 

                Sobre a morte, Piquet quase acertou: “Medo de morrer? Não tenho. Tenho medo de ficar aleijado, isso sim!”

 

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                Extremamente rápido, preferia os circuitos de alta velocidade, como Monza na Itália, Zeltweg na Áustria e Hockenhein na Alemanha. Detestava os traçados sinuosos de Monaco, e Hungaroring, o “kartodromão”.

 

                Com suas brincadeiras muitas vezes de gosto duvidoso, seu estilo meio ríspido principalmente com a imprensa e a boa malandragem com a equipe, Piquet ganhou críticos ferrenhos e fãs apaixonados. Ambos confirmam a competência de quem é tricampeão mundial da Fórmula 1 com três motores diferentes, numa época em que o piloto era mais do que o carro.

 

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Fábio Gomara, o Binho, 53 anos, piloto amador desde 1984, tem emoção de sobra para contar o que sentimos de tão legal no mundo das corridas.

 

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Esperamos agradar o suficiente para fazer com que quem não conhecia, tenha gostado e, para quem já conhece, tenha tido o prazer de relembrar.

 

Participe acompanhando com críticas e sugestões.

 

Abaixo, confira o “Mosaico do Piquet” e as fontes dessa fantástica história:

 

 

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Todas essas e muitas outras informações em textos e imagens você encontra em:

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Piquet

http://br.motorsport.com/f1/news/estudo-surpreende-e-aponta-schumacher-como-9-melhor-da-f1-687088/

http://rodrigomattar.grandepremio.uol.com.br/category/tunel-do-tempo/

http://rodrigomattar.grandepremio.uol.com.br/tag/nelson-piquet/

http://joseinacio.com/2015/08/17/nelson-piquet-63-anos/

http://www.nobresdogrid.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=672:piquet-e-os-leiloes-na-inglaterra&catid=85:estorias-do-arco-da-velha&Itemid=159

http://www.superspeedway.com.br/f_um/pilotequip/piquet.asp

http://esporte.uol.com.br/f1/album/2015/03/30/a-carreira-do-tricampeao-nelson-piquet-na-formula-1.htm

http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2016/03/ha-30-anos-piquet-e-senna-erguiam-juntos-bandeira-do-brasil-no-podio.html#atleta-nelson-piquet

http://globoesporte.globo.com/motor/noticia/2015/11/nelson-nelsinho-e-pedro-premiados-em-noite-de-gala-para-familia-piquet.html#atleta-nelson-piquet

http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2015/11/hamilton-vettel-e-alonso-entre-os-maiores-da-f-1-pesquisa-aponta-top-12.html#atleta-nelson-piquet

http://www.pezzolo.tv/2014/02/20-minutos-do-melhor-e-pior-de-nelson-piquet.html

 http://www.piquetsports.com/biografia-nelson-piquet/

http://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,nelson-piquet,727,0.htm

http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/tricampeao-nelson-piquet-comemora-60-anos

http://projetomotor.com.br/piquet-e-seu-papel-predileto-de-rei-do-caos-da-f1/

https://pandinigp.wordpress.com/category/nelson-piquet/

http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/nelson-piquet/

http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/nelson-piquet-4275

https://rafaelschelb.wordpress.com/2010/08/02/grandes-mestres-nelson-piquet/

http://blogdojovino.blogspot.com.br/2012/04/os-primeiros-carros-do-piquet.html

http://continental-circus.blogspot.com.br/2015_08_16_archive.html

http://www.porschegt3cup.com.br/nelson-e-pedro-piquet-pai-e-filho-ao-volante-dos-porsches-911-gt3-cup-em-curitiba/

http://blogdamilmilhas.blogspot.com.br/2011/03/piquet-nas-mil-milhas-de-interlagos.html

http://adrenaline.uol.com.br/forum/threads/documentario-do-fantastico-tri-campeao-mundial-nelson-piquet.298902/

http://www.flatout.com.br/por-que-nelson-piquet-e-o-piloto-mais-zuero-da-historia-da-formula-1-3/

Revista Racing 317

Revista Playboy – Abril de 1988

Livro: Eu Me Lembro Muito Bem – Editora Dba – 1999

 

 

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Especial – Binho fala sobre Nelson Piquet – PRÉVIA

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Quando escrevi o primeiro texto aqui no Kart Amador, expliquei a ideia dessa série de matérias sobre os caras que fizeram a melhor época do nosso esporte favorito. Um a um, estamos passeando pela estória das corridas através das estórias desses pilotos.

Começamos com o Moco pela homenagem do capacete que deu a ideia de tudo isso, depois o Rato pela grandeza de sua história e seguiríamos com Alemão e outros brasileiros até o dia em que abriríamos a lista internacional. Devagar chegaremos lá!

Mas acontece que o Wellington me provocou na 2ª etapa do Kart For Friends com a pergunta máster:  “quando você vai escrever sobre o Piquet?”  Desnecessário explicar a admiração de ambos…

O Piquet estava guardado na caixa das intenções para o “gran finale”, depois de passar por todos os feras nacionais, inclusive Senna, nosso herói.

Mas eu topo! Por hora assumo o compromisso de pesquisar, selecionar e resumir a estória de Nelson Piquet Souto Maior, me permitindo fazê-lo com o olhar de quem nasceu em 1962 e, sempre fissurado por corrida, elegeu alguns pilotos como os melhores, principalmente e especialmente Nelson Piquet!

 

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É uma tarefa muito especial, estudar a estória de um ídolo com o olhar de editor para passar a importância desse conteúdo junto com a emoção de um fã. Vou curtir, não vou me apressar.

E você pode contribuir com sugestões, opiniões e materiais pelo email contato@kartamadorsp.com.br IDENTIFICANDO O ASSUNTO “PIQUET” até 31/05 (de 2016 mesmo, não vou demorar tanto).

A_braço!

 

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Fábio Gomara, o Binho, 53 anos, piloto amador desde 1984, tem emoção de sobra para contar o que sentimos de tão legal no mundo das corridas.

Participe com críticas e sugestões.

 

Que venha 2016

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Fim de ano é uma correria. Fim de ano é confraternização. Fim de ano é com emoção. Fim de ano é época de última etapa, final de temporada.

Hora de fechar os campeonatos pra começar tudo de novo logo mais. Hora de olhar pra trás e lembrar os principais momentos, olhar pra frente e projetar os próximos acontecimentos.

 

adeus-2015

 

Fomos para a pista o ano inteiro. Disputamos, nos enervamos e nos divertimos. Registramos tudo isso. Gravamos, reproduzimos, compartilhamos. Comentamos, curtimos. E repetimos tudo outra vez…

2015 foi outro ano muito legal. Sempre é. Não melhor, nem pior. Diferente, com um monte de coisas pra repetir ano que vem e outras coisas para mudar.

Aqui vamos nós, 2016! Prepare-se para a gente acelerar de novo.

Kart amador é o meio que nós usamos para viver o mundo do automobilismo. Queremos mais. Queremos sempre.

Boa passagem de ano e ótimas ultrapassagens em 2016!

Até lá!

 noel-piloto

Forte aBRAÇO!


ass-binho

 

Fábio Gomara, o Binho, 53 anos, piloto amador desde 1984, tem emoção de sobra para contar o que sentimos de tão legal no mundo das corridas.

 

Participe com críticas e sugestões.


binho

 

Fittipaldi, Emerson, Emmo, Rato . . . o pole position dos grandes campeões.

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                A ideia de contar  a história do automobilismo a partir das estórias dos grandes pilotos  é um pretexto para lembrar  a melhor época do esporte e também para mostrar para as gerações mais novas as emoções que vivemos acompanhando as corridas.

                Nota: Como amadores, pesquisamos sobre o homenageado na internet e em publicações especializadas e lamentamos não haver unanimidade nas informações e datas, podendo ocorrer algumas imperfeições no texto. Por isso, publicamos todas as fontes no final para eventuais pesquisas complementares dos interessados.

                Abrimos  a  série  com  José Carlos Pace,  o  “Moco”, e agora homenageamos Emerson Fittipaldi, piloto brasileiro pioneiro no lugar mais alto do automobilismo, um ídolo vivo e ativo.

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       Livio Oricchio, exímio jornalista de automobilismo, compartilha “A história do automobilismo brasileiro contada por campeões do passado” no http://esportes.estadao.com.br/noticias/geral,a-historia-do-automobilismo-brasileiro-contada-por-campeoes-do-passado-imp-,981245

 

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       Esse grupo que fez do Brasil o ‘País da Velocidade’ reconhece que foi a falta de recursos que o lapidou.  E é justamente nesse meio tempo que está a nossa homenagem ao Fittipaldi, Emerson, Emmo, Rato . . . o pole position dos grandes campeões!


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      Na “II Mil Milhas”, em 1957, o “Barão” atendeu o insistente Emerson e conseguiu a primeira volta dele num carro de corrida em Interlagos,  “sentado no tanque de gasolina da carretera do José Asmuz”.

 

      Aos 14 anos, cuidava de sua moto 50cc e do kart do irmão. Foi nessa época que Emerson ganhou o apelido de “Rato” por ficar “zanzando” com a caixa de ferramentas pelo box.


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      Emerson fez sua estreia no automobilismo numa prova de estreantes, no início de 1965, na equipe Willys. Sua carreira como piloto profissional começou num Renault 1093, em uma competição na Ilha do Fundão, pelo Campeonato Carioca. Entre muitas competições, foi o grande destaque nas Mil Milhas de 1966 pilotando o Malzoni #7 com Jan Balder.


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      Trabalharam para andar entre os 10 primeiros. Bem menor do que as poderosas carreteras, não só andaram entre os 10 primeiros como disputaram a liderança ainda de madrugada. Quando amanheceu, Emerson liderava a prova, mas um pistão quebrou a três voltas do final. Vitória de Camillo Christópharo e sua carretera amarela #18, tornando Emerson e Jan os “campeões morais” daquela corrida!

 

      Logo veio a equipe Dacon com seus Karmann Ghia/Porsche para rivalizar com a Willys e com a Vemag com pilotos como Wilsinho Fittipaldi, José Carlos Pace, Chiquinho Lameirão e Emerson Fittipaldi.


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      A perspectiva de ir para a Inglaterra motivava Emerson para correr nas pistas dos seus ídolos Jim Clark. Graham Hill e Jack Brabham. Vendeu tudo o que podia, inclusive os carros da Fórmula Vê e sua parte na sociedade da fábrica de volantes e rodas. Foi para a Inglaterra em 1969 onde, com a ajuda do amigo Jerry Cuningham, comprou um carro da Fórmula Ford inglesa. E, para ter o motor, trabalhou para o preparador Dennis Rowland.

 

      Morando numa pensão, trabalhando em uma oficina e pilotando seu Fórmula Ford, Emerson estreou em abril, participou de 10 corridas e despertou o interesse do descobridor de talentos Jim Russel que o levou para sua equipe na Fórmula 3 onde correu no segundo semestre do mesmo ano. Venceu 8 das 10 corridas sagrando-se campeão aos 22 anos!

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      A história do Brasil na Fórmula 1 começou com Emerson estreando no Grande Prêmio da Inglaterra, em Brands Hatch, no dia 19 de julho de 1970. Mesmo largando nas últimas posições, terminou a prova em oitavo e iniciou sua saga disputando 144 corridas, conquistando 14 vitórias e 6 poles. Marcou 281 pontos e conquistou dois títulos: 1972 pela Lotus e 1974 pela McLaren. 


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      Três semanas depois, em Hockenheim, marcaria seus primeiros pontos, com um 4º lugar.


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      A partir da 10ª etapa, a Lotus evoluiu para o modelo 72C e a 12ª etapa trouxe a primeira vitória, no GP dos Estados Unidos, na pista de Watkins Glen.


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      No final daquele ano, em Monza, seu companheiro de equipe, o austríaco Jochen Rindt, pediu que Emerson amaciasse seu carro para o treino de classificação. Emerson e Rindt tornaram-se amigos desde o primeiro teste de Emerson na Lotus, em Silverstone, quando Rindt era quem sinalizava para Emerson com placas. O brasileiro foi para a pista com a Lotus ‘zerada’ de Rindt e, ao checar o retrovisor, perdeu o ponto de freada na Parabólica destruindo o carro do companheiro. Como Rindt liderava o campeonato, Emerson não participaria da corrida e seu carro serviria Jochen Rindt. 

      Na classificação, na mesma curva, o semieixo da Lotus quebrou lançando o carro para fora da pista. O piloto austríaco faleceu num acidente que poderia ter matado Fittipaldi. A Lotus, de luto, retirou-se por duas corridas e voltou no penúltimo GP da temporada, em Watkins Glen, nos Estados Unidos, onde o brasileiro venceria sua primeira corrida e daria o único título póstumo da categoria ao austríaco.


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      Em 1971, mesmo com 3 pódios, Emerson não venceu na Fórmula 1. Uma de suas corridas mais marcantes ocorreu no Grande Prêmio da França. Emerson largou na décima sétima posição e chegou em terceiro.

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      Principal piloto da Lotus, Emerson iniciou a temporada de 1972 como um dos favoritos. O já bicampeão Jackie Stewart, da Tyrrell, e o belga Jacky Ickx, da Ferrari, despontavam como os principais rivais do brasileiro. Com apenas 25 anos, Emerson venceu 5 das 12 corridas da temporada e tornou-se o campeão mundial mais jovem da história da Fórmula 1. Um recorde que manteve por mais de três décadas e que só foi quebrado em 2005, pelo piloto espanhol Fernando Alonso.

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      Em Monza, a duas corridas do fim da temporada, Emerson contou com muitos fatores para lapidar seu primeiro campeonato. Na quarta-feria anterior ao GP, o caminhão da equipe tombou e destruiu a Lotus de Emerson. Muito trabalho na reconstrução e algumas discussões com Colin Chapman resultaram em apenas um carro para Emerson chegar, no mínimo, em 4º lugar.

 

      No dia da corrida, um mecânico notou um vazamento de gasolina que obrigou a troca do tanque de combustível a poucos minutos da volta de apresentação. Largou na 3ª fila, em 6º lugar, de onde via os carros de Jacky Ickx, Chris Amon, Jackie Stewart, Clay Regazzoni e Denny Hulme, ao seu lado e que também poderia ser campeão.

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      Emerson correu concentrado e não se deixou levar por eventuais empolgações como a possibilidade de ultrapassar a Ferrai de Jacky Ickx que liderava a corrida até que, na 46ª de 55 voltas, o motor da Ferrai fundiu para Emerson assumir a liderança da prova e do campeonato, sagrando-se CAMPEÃO MUNDIAL DE FÓRMULA 1 !

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      “Eu morava na Suíça e o título foi no Grande Prêmio da Itália, em Monza. Cheguei em Lausane entre 6h30 e 7h da manhã e eu parei numa esquina. Tinha uma banca de jornal e tava escrito assim na primeira página da Tribune de Lausane, em francês: ‘Fittipaldi champion de monde’. Falei… nossa! Sou eu! Foi a primeira vez que vi meu nome com o título de campeão mundial.”


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      “Fui falar com meu pai e meu irmão porque naquela época tinha um risco muito alto de acidente. Aí olhei para eles e falei, ‘vou abandonar’. O que eu quero mais na vida? Meu pai e meu irmão falaram e eu nunca mais esqueci: ‘É um desperdício de talento. A idade que você tá, o talento que você tem. Como vai abandonar  um esporte que você tá no topo?’ Foi o conselho deles que me fez continuar.” 

      “Passei por muitos traumas e não queria continuar me arriscando. Você saía de casa na quinta, mas não sabia se voltaria no domingo. A F-1 tinha uma média de um piloto morto por ano. A outra vez que pensei em parar foi em 1973, quando morreu o François Cevert.” 

      A temporada de 1973 foi intensamente disputada pelos pilotos da Tyrrrel,  Jackie Stewart e Ronnie Peterson devidamente desafiados por Emerson Fittipaldi e sua Lotus. Além disso, Emerson tinha uma disputa interna com o sueco Ronnie Peterson. 

      Emerson começou o campeonato em grande estilo, com seis pódios consecutivos (três vitórias: Argentina, Brasil e Espanha) mas Stewart acabou se recuperando e fechou o ano com cinco triunfos (África do Sul, Bélgica, Mônaco, Holanda e Alemanha). Emerson, aliás, estagnou nas três vitórias e viu Peterson vencer quatro GPs (França, Áustria e Itália e EUA), sendo as duas primeiras sem que o brasileiro tivesse pontuado. 


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      Moco também correu de Surtees, mas abandonou, assim como Wilsinho Fittipaldi, de Brabham.

      Emerson foi vice-campeão num ano intensamente disputado por Lotus e Tyrrell, e com apenas a McLaren também vencendo com Denny Hulme na Suécia e Peter Revson na Inglaterra e no Canadá.

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     A curiosidade dessa temporada ficou por conta do GP do Canadá, onde Emerson chegou em 2º lugar. Foi nessa corrida que aconteceu o primeiro Safety Car da Fórmula 1, um Porsche, necessário para a entrada na pista de uma ambulância pelo acidente entre Jody Scheckter e François Cevert. A falta de experiência posicionou o carro madrinha à frente do carro 25, de Howden Ganley, quando o correto seria ficar à frente do carro Nº 5, de Jackie Stewart, mas estava no box. Com isso, Jackie Oliver (Shadow), Revson e Beltoise se colocaram uma volta à frente dos demais, mas no fim do pelotão. 

      A temporada terminou tragicamente, com o acidente fatal de Cevert na última etapa, durante um treino para o GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen. 

      A temporada de 1973 também foi marcante para Emerson fora das pistas: foi o primeiro piloto da história da F1 a assinar um contrato de mais de um milhão de dólares.


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 Emerson ajustou o cockpit da McLaren M23 e partiu para o campeonato 1974 onde obteve 3 vitórias (uma no Brasil!) e tornou-se bicampeão mundial de Fórmula 1. Até então, a McLaren nunca havia vencido um campeonato mundial.


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      A penúltima etapa, no Canadá, revelou mais uma genialidade de Emerson que estava com 3 pontos a menos que o ítalo-suíço Clay Regazzoni, da Ferrari. Nos treinos, Emerson teve dificuldade para aquecer os pneus naquele frio canadense e, sem tanta aderência, não conseguia ser rápido como queria nas curvas para alcançar os tempos da Ferrari. 

      Para o treino de classificação, Emerson pediu ao chefe de equipe, Teddy Meyer, que aquecesse os pneus até a hora do treino. Emerson já havia acertado o equilíbrio do carro e, com a equipe conseguindo os pneus pré-aquecidos, Emerson fez a pole. A partir disso, a McLaren desenvolveu uma engenhoca para aquecer os pneus antes dos treinos e das corridas. A descoberta de Emerson deu origem aos cobertores elétricos para aquecer  pneus. 

     A temporada de 1974 foi tão disputada que 3 pilotos tinham chance de título até a última etapa. Emerson disputava o mundial diretamente com Regazzoni, e Jody Scheckter, sul-africano da Tyrell, corria por fora. 

      Na última etapa, “Moco” -o aniversariante do dia- trocou a pintura do seu capacete. Deu certo: chegou em 2º lugar, atrás de Reutemann e à frente de James Hunt. Emerson chegou em 4º e participou do pódio para comemorar seu bicampeonato.


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      A McLaren produziu um vídeo (de 3 min) para comemorar os 40 anos do segundo título de Emerson Fittipaldi e o primeiro dela. “His name is Emerson Fittipaldi” https://www.youtube.com/watch?v=wVErtMJRMc0

      Em 1975, Emerson foi vice-campeão pela McLaren (Lauda foi o campeão). Emerson começou vencendo na Argentina, Pace venceu no Brasil e foi pole na África do Sul. Na 4ª etapa, em Barcelona, Emerson daria apenas a 1ª volta na pista de Montjuic  e se retiraria da prova em protesto às condições de segurança daquele circuito. O que pareceu um tanto radical naquele momento, acabou se confirmando na volta 26 quando a Lola do alemão Rolf Stommelen perdeu o aerofólio, decolou sobre o guard-rail e matou 5 pessoas. 

      Lauda dominou as etapas seguintes até Emerson vencer a 10ª etapa, em Silverstone, no dia 19 de julho de 1975. Sua última vitória na F1 foi uma das corridas mais confusas da história. Emerson largou em 7º com sua McLaren. Na volta 19 começou a chover em Silverstone. Depois parou e, no final, caiu um temporal. A corrida ficou tão complicada que acabou com bandeira vermelha para os únicos 6 carros que ainda andavam na pista. Dobradinha de Emerson e Pace, que havia largado em 2º. Emerson só foi declarado vencedor da prova após duas horas do final, num pódio montado em cima de um caminhão.

 

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      Confira o resumo dessa estória em 3 minutos:  https://www.youtube.com/watch?v=h9mXWqLjGd8

      Emerson frequentou o pódio mais duas vezes na temporada e não renovou seu contrato com a McLaren. Com a saída de Emerson Fittipaldi, a abandonada McLaren se aventurou com James Hunt e a temporada de 1976 teve sua sensacional estória.

      Emerson decidiu desenvolver a equipe brasileira com o irmão Wilsinho: a Escuderia Fittipaldi, conhecida como Copersucar-Fittipaldi, Skol-Fittipaldi e Fittipaldi Automotive. 

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Arte do ilustrador Ararê Novaes no blog 

http://mauriciomorais.blogspot.com.br/2012/05/os-f1-da-equipe-fittipaldi-by-arare.html

 

      O FD01, ou Fitti 1, um charutão que evoluiu até o FD04 estrear em 5º lugar no grid do GP Brasil de 1976, ano em que a Copersucar chegou 3 vezes em 6º lugar (EUA, Mônaco e Inglaterra) e somou 3 pontos. Emerson marcou um ponto a menos que o canadense Gilles Villeneuve, da Ferrari.


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      O grande momento da Copersucar aconteceu em 1978. Seu primeiro pódio veio com o segundo lugar no Grande Prêmio do Brasil (pela primeira vez em Jacarepaguá/RJ). A façanha coroou 3 anos de trabalho dos irmãos Fittipaldi e marcou a história do automobilismo brasileiro.


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     As esperanças para 1979 se dissolveram entre o já obsoleto modelo F5A e o F6 do ex-projetista da Lotus, Ralph Bellamy, tão bonito quanto difícil de controlar nas curvas. Nenhum ponto além do 6ª lugar na etapa de abertura, na Argentina, e adeus patrocínio da Copersucar. Emerson incorporou a equipe Wolf para alavancar tecnicamente o time para o ano seguinte.

 

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      Em março de 1980, na primeira etapa (GP da Argentina) o finlandês Keke Rosberg, 2º piloto da Skol-Fittipaldi, ao lado de Emerson, andou forte desde seu primeiro treino mas também fez o favor de destruir 2 carros e dar o maior trabalho para Wilsinho e sua equipe até a largada. Retribuiu chegando em 3º lugar, atrás somente de Alan Jones/ Williams e Nélson Piquet/ Brabham, mesmos pilotos e carros que disputaram o campeonato de 1980 (Jones campeão e Piquet vice).


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       Emerson subiu pela última vez ao pódio na F1 ao obter o terceiro lugar no GP dos Estados Unidos, em Long Beach, com Nelson Piquet conquistando a primeira vitória na categoria.


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      Em 1981, Emerson Fittipaldi assume a função de chefe de equipe do finlandês Keke Rosberg e do brasileiro Chico Serra. Mas, com equipamentos de segunda linha e pouco dinheiro, nenhum ponto foi marcado pela equipe nesse campeonato.


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Os elevados custos da categoria dificultaram as coisas para a equipe, que fez em 1982 sua última temporada, com apenas um piloto, o brasileiro Chico Serra que conseguiu marcar um ponto no Grande Prêmio da Bélgica enquanto Keke Rosberg sagrou-se campeão na Williams. 

                Desde sua estreia no GP da Argentina de 1975, com Wilson Fittipaldi Jr, os 8 anos da Copersucar-Fittipaldi  escreveram uma estória de sucesso onde a equipe: 

      • acumulou 3 pódios em 8 temporadas com 44 pontos em 104 grandes prêmios, desempenho acima da Jaguar, Prost e Sauber; 

      • reuniu talentos como o projetista Adrian Newey (atual Red Bull) e o engenheiro Jo Ramirez que coordenou diversas equipes e pilotos na F1; 

      • lapidou o talento de Keke Rosberg, que tornou-se campeão mundial em 1982.


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      As dívidas só deixaram Emerson voltar ao automobilismo em 1983, numa corrida de carros esportes do excêntrico panamenho Pepe Romero com quem assinou para correr as 4 primeiras etapas da Fórmula Indy 1984 pela WIT Racing.

 

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      A partir de 1985, Emerson disputou integralmente o campeonato e conquistou sua primeira vitória já naquele ano, em Michigan o que lhe rendeu contrato com a importante equipe Patrick Racing, colocando-se definitivamente junto a pilotos do calibre de Mario Andretti, Bobby Rahal, A.J. Foyt, Danny Sullivan, Rick Mears, Al Unser Jr. e companhia.


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      1986 foi mediano para Emerson, com apenas uma vitória no ano. Terminou o campeonato na 7ª colocação. 

     1987 foi melhor, com duas vitórias, assim como em 1988 quando conseguiu, também, o 2º lugar em Indianápolis. Outra vitória de Emerson foram os prêmios vultuoso$, coroando outra fase de êxito do experiente piloto. 

     O grande feito de Emerson na F-Indy aconteceu em 1989, na 73ª edição da maior corrida dos Estados Unidos: as 500 Milhas de Indianápolis! Largando em terceiro, ao lado de Rick Mears e Al Unser Sr, passou, abriu e com duas voltas já colocava uma distância impressionante para Mears, Unser e Mario Andretti. A 47 voltas do fim, Andretti, que vinha mais rápido havia algum tempo, passou e abriu certa distância. A sexta bandeira amarela da prova limitou a disputa pelo combustível e, na volta 198, Al Unser Jr encontrou trânsito e Fittipaldi conseguiu chegar. Emmo colocou o carro por dentro, Unser também foi para dentro, os dois tocaram pneus e o então líder do campeonato de 1989 estampou o muro. A bandeira amarela confirmou: pela primeira vez, Emerson, duas vezes campeão mundial de F1, vencia a Indy 500. Outro brasileiro no pódio foi Raul Boesel, que chegou em 3º.


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     Aos 43 anos, competindo com pilotos bem mais jovens, Emerson coroou novamente sua carreira, tornando-se o primeiro piloto estrangeiro a ganhar o título de campeão da Fórmula Indy. Mais ainda, Emerson faturou o campeonato antecipado, na penúltima etapa, vencendo o GP de Nazaré, sua 11ª vitória na categoria. 

     A conquista do campeonato rendeu um contrato com a equipe de Roger Penske que durou de 1990 a 1995.

 

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     Emerson encerrou sua participação na categoria em 1996, depois de um grave acidente provocado pelo canadense Greg Mooreno circuito oval de Michigan, prova vencida pelo brasileiro André Ribeiro.


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      Foi no dia 28 de julho, foi em Michigan, foi com Emerson Fittipaldi e foi na Fórmula Indy. Em 1985, a primeira vitória. Em 1996, a última corrida. 

     13 anos na categoria, 22 vitórias e 17 pole positions.

 

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     Com tudo isso, pode-se dizer que Emerson começou entre motos e carros envenenados, fabricou volantes esportivos, karts e carros de corrida, correu e venceu, foi para a Europa, correu e venceu, foi para a América, correu e venceu até o piloto devolver a posição de homem de negócios para si mesmo. 

     Tornou-se embaixador da marca Chevrolet no Brasil, assinou uma edição especial do Omega em 2011, realizou salões de motos e carros, montou a categoria A1GP, entre tantas outras atividades e sempre que pode, o piloto rouba a cena e volta a atuar. Afinal, Emerson nunca se afastou das pistas. 

     Desde 2006, correu na GP Masters (exclusiva para ex-pilotos de F1 como Nigel Mansell, Ricardo Patrese, René Arnoux, Andréa de Cesaris, Jacques Laffitte, Derek Warwick e Alan Jones), disputou provas da GT3 Brasil e, principalmente, disputou a Le Mans 6 Horas de São Paulo correndo pela Ferrari, em Interlagos. Inspirado pelo amigo e ator Paul Newman que venceu as 24 Horas de Daytona aos 70 anos, em 1995, Emerson estava de volta aos 67 anos e em grande estilo, a bordo da Ferrai 458 Italia.

 

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       Com tantos anos de atividade nas pistas, Emerson teve o prazer de fazer algumas merecidas viagens no tempo. Em 2002 Emerson pilotou a Lotus 72 do seu primeiro campeonato de F1:

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     Em 2010, Emerson voltou a pilotar uma Lotus, só que da nova geração e reviveu a sensação de acelerar no limite.

 

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     Reportagem do “Esporte Espetacular” com Emerson Fittipaldi na Lotus 2010 em Paul Ricard:  https://www.youtube.com/watch?v=SMN2M2vu6qA

 

     Outra emoção revivida por Emerson foi o reencontro com o carro com o qual quase ganhou as Mil Milhas de 1966, correndo em dupla com Jan Balder numa das edições mais dramáticas da história da prova.

 

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      Entre amigos e heróis, Emerson relaciona desde Tazio Nuvolari, o chamado “mantuano voador” das décadas de 1920 e 1930 (pela Bugatti, Alfa Romeo, Maserati e Auto Union) e descrito por Ferdinand  Porsche como “o maior piloto do passado, do presente e do futuro” até George Harrison, Beatle com muita paixão por corridas que conheceu Emerson em algum GP da Inglaterra no início dos anos 70 e que se frequentaram em Londres e no Guarujá, inclusive com uma versão da música “Here Comes The Sun” especialmente feita para Emmo logo depois do seu acidente em 1996: https://www.youtube.com/watch?v=hLr5-fzN90A

 

     A lista passa por Juan Manuel Fangio, Jim Clark, Jackie Stewart, Michael Schumacher e Ayrton Senna com quem Emerson, que não gosta de comparações, especialmente entre pilotos, revela uma admiração desde 1976 enquanto testava seu Copersucar em Interlagos e o Ayrton ganhava tudo no kartódromo. Foi Emerson quem deu a dica para o Sr Milton (pai do Ayrton) contatar Ralph Firman, ex-mecânico de Emerson na F3 da equipe de Jim Russel. 

     Emerson também foi muito amigo do Sid Moscaque ficou mundialmente conhecido por pintar capacetes, principalmente para Senna. Emerson foi o primeiro piloto a competir no exterior com um capacete pintado pelo Sid.

 

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      Sid tinha um excelente dom uma perfeita percepção sobre a personalidade de cada piloto: “A pintura do capacete é a outra face do piloto que lhe dá identificação quando está em ação nas pistas.”

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      Aos 67 anos, Emerson Fittipaldi continua atuando no automobilismo. Em 2014 foi nomeado presidente da Comissão de Pilotos da FIA. Ele também é o “Embaixador” do GP do México que volta à F1 dia 1/11/2015. 

     Enfim, Emerson Fittipaldi é o piloto brasileiro com essa história espetacular que continua acontecendo e pode nos surpreender de novo a qualquer momento, pois parece que Emerson gostaria de formar um trio com o sobrinho Christian e o neto Pietro… 

    Com uma família que tem herdeiros de sobra para manter a tradição no automobilismo, Emerson se realiza atualmente como conselheiro do filho Emmo e dos netos Pietro e Enzo, nos privilegiando com novos talentos para a história do automobilismo brasileiro.

 

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     O “corredor de automóvel” Emerson Fittipaldi tem sua história contada no documentário “O Fabuloso Fittipaldi”, de 1974, um filme de Roberto Farias e Hector Babenco cuja abertura pode ser vista no https://www.youtube.com/watch?v=ugTnsRTbLG8


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     Emerson é um material humano incrível e terá sua história contada num novo filme: “The Name is Fittipaldi” http://velocidade.org/2015/05/the-name-is-fittipaldi-crowdfunding/

 

     “Rato” para os brasileiros, “Emmo” para os americanos, o respeitado senhor das pistas é um dos mais vitoriosos automobilistas brasileiros da história. Representante mais ilustre de um vitorioso clã da velocidade, Emerson Fittipaldi é um dos maiores nomes do automobilismo brasileiro e mundial em todos os tempos. 

     Emerson Fittipaldi  foi o primeiro brasileiro a se tornar campeão mundial de Fórmula 1 (em 1972 e bi em 1974) e da Fórmula Indy (1989). Bicampeão das 500 milhas de Indianápolis em 1989 e 1993. Venceu o Grande Prêmio do Brasil em 1973 (pela Lotus) e em 1974 (pela McLaren).

      Emerson Fittipaldi é o único brasileiro e um dos poucos pilotos da história da Fórmula 1 a vencer um grande prêmio em seu ano de estréia. 

     Foi, durante 33 anos, o mais jovem campeão mundial de Fórmula 1 de todos os tempos (até 2005, quando Fernando Alonso foi campeão, que por sua vez, foi batido por Lewis Hamilton em 2008, e atualmente, o detentor da marca é o piloto Sebastian Vettel, que venceu o Mundial em 2010). 

     Ao longo da carreira na Fórmula 1, foram 149 Grandes Prêmios, 14 vitórias, 6 pole positions e 6 melhores voltas. Na Fórmula 1, Emerson correu pela Lotus, pela McLaren e em sua própria equipe. 

     Ao longo de seus quarenta anos de carreira no automobilismo, o piloto viveu momentos de pesadelo e glória. Enfrentou os tempos heróicos e perigosos deste esporte, investiu num sonho brasileiro e encarou a morte de perto. Nas contas dele mesmo, do tempo que começou a correr até parar, Emerson perdeu 35 colegas. Ele próprio sobreviveu a um grave acidente em 1996. 

     Sem muita tecnologia e segurança, valia a percepção do piloto sobre todo o carro, passada para a equipe a cada parada no box. A busca do limite provocava o risco permanente de acidente.

      Típica tocada de Emerson: na espera, sem cometer erros, contando com acidentes e quebras dos adversários; Fittipaldi era um piloto que sabia como poucos se valer das circunstâncias de uma corrida. 

     Moto, kart, Fórmula Ve, Fórmula Ford, F3 Inglesa, Fórmula 1, Fórmula Indy e em todas as demais categorias em que “brincou”, Emerson é um dos pilotos mais carismáticos, influentes e bem-sucedidos do automobilismo. 

     Emerson é um dos caras que pilotavam Fórmula 1 nos anos 70 e isso não é pouca coisa.

      Atualmente, entre religião, esporte e comida macrobiótica, a genialidade de Emerson Fittipaldi continua dentro e fora das Pistas.


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      Portanto, como tantos especialistas* já escreveram, resumir Emerson Fittipaldi é gratificante pela riqueza de sua própria estória automobilística.

(*vale citar, como sempre, Rodrigo “A Mil” Mattar e Flávio “GP” Gomes, além de Paulo Roberto Peralta no “bandeiraquadriculada” e Lemyr Martins, na edição especial da Revista RACING)



Forte aBRAÇO


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Mosaico do Rato


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Fábio Gomara, o Binho, 53 anos, piloto amador desde 1984, tem emoção de sobra para contar o que sentimos de tão legal no mundo das corridas.

 

Esperamos agradar o suficiente para fazer com que quem não conhece, pesquise (porque vai gostar) e para quem já conhece, lembrar mais uma vez.

 

Participe acompanhando com críticas e sugestões.


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{module Outras Colaborações – Binho}


 

 

 Segue a lista completa dos links de pesquisa desta matéria:

Emerson Fittipaldi
https://pt.wikipedia.org/wiki/Emerson_Fittipaldi

Emerson Fittipaldi por Paulo Roberto Peralta
http://www.bandeiraquadriculada.com.br/Emerson_Fittipaldi.htm

Emerson Fittipaldi  por Marcelo Rozenberg e Marcos Júnior 
http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/emerson-fittipaldi-3165

Biografia de Emerson Fittipaldi   
http://www.e-biografias.net/emerson_fittipaldi/

Emerson resume sua história 
http://forasdeserie.com/episodio/emerson-fittipaldi

Emerson Fittipaldi     
http://www.nobresdogrid.com.br/site/index.php?option=com_content&;;;;;view=article&id=56:emerson&catid=37:a-conquista-da-f1&Itemid=37

Acervo ESTADÃO  
http://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,emerson-fittipaldi,939,0.htm

Automobilismo brasileiro 1968  
http://faspnet.com.br/upload/materias_especiais/1968_Clark_Achcar_Bino_Bi%20de%20Peroba_B
rasi/1968_Clark_Achcar_Bino_Bi%20de%20Peroba_Brasil.htm

Gênios – Emerson Fittipaldi   http://www.autoracing.com.br/genios-emerson-fittipaldi/

Fittipaldi wins at The Glen for Rindt  http://en.espn.co.uk/f1/motorsport/story/62083.html

Título da F-1 em 1972, pela Lotus, abriu as portas para os pilotos do país. Após a conquista no GP da Itália, porém, o ‘Rato’ cogitou parar de correr  
http://sportv.globo.com/site/programas/linha-de-chegada/noticia/2011/09/ha-39-anos-emerson-fittipaldi-mudou-historia-do-automobilismo-brasileiro.html

E com a palavra, Emerson Fittipaldi… Sobre ser campeão…   http://entrelinhasf1.blogspot.com.br/2014/09/f1-e-com-palavra-emerson-fittipaldi.html

40 anos do título  http://www.revistastatus.com.br/2012/03/05/emerson-fittipaldi/

Mundial da F1 no ano de 1973   http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/mundial-da-f1-1973-6017

Primeiro teste de Emerson na McLaren    http://grandprixtest.blogspot.com.br/2012/02/paul-ricard-1973-o-primeiro-teste-de.html

Bicampeonato de Emerson Fittipaldi na F1 completa 37 anos http://esporte.ig.com.br/automobilismo/f1/bicampeonato-de-emerson-fittipaldi-na-f1-completa-37-anos/n1597259857970.html

1974 – o bi, apesar da Ferrari  http://www.gptotal.com.br/pilotos/emerson/emerson74_77.htm

Especial GP Brasil de 1974  http://quatrorodas.abril.com.br/grid/noticias/reportagens/geral-especial-gp-brasil-1974-200974_p.shtml

Vinte anos depois, Emerson Fittipaldi relembra última vitória na carreira  http://globoesporte.globo.com/motor/noticia/2015/04/vinte-anos-depois-emerson-fittipaldi-relembra-ultima-vitoria-na-carreira.html#atleta-emerson-fittipaldi

Emerson Fittipaldi relata sua última vitória na F1   http://www.redbull.com/br/pt/motorsports/f1/stories/1331736483141/emerson-fittipaldi-relata-sua-%C3%BAltima-vit%C3%B3ria-na-f1

A Genialidade de Emerson Fittipaldi… Dentro e Fora das Pistas   http://www.nobresdogrid.com.br/site/index.php?option=com_content&;;;;;view=article&id=341:a-genialidade-de-emerson-fittipaldi-dentro-e-fora-das-pistas&catid=84:coluna-a-f1-do-brasil&Itemid=157

Escuderia Fittipaldi   https://pt.wikipedia.org/wiki/Escuderia_Fittipaldi

Equipes Históricas   http://rodrigomattar.grandepremio.uol.com.br/tag/emerson-fittipaldi/

Copersucar Rock’n Roll  http://flaviogomes.grandepremio.uol.com.br/2015/02/filme/

Emerson Fittipaldi estreou na F-Indy em 1984 e já fez história 

http://www.correiodopovo.com.br/blogs/pitlane/?p=15024 

Em 1989, Fittipaldi faturou o campeonato de Fórmula Indy e tornou-se o primeiro estrangeiro a ganhar o título em 73 anos   http://champcarbrasil.blogspot.com.br/2009/09/1989-emerson-conquista-america.html

Video sobre os 30 anos da primeira vitória na F-Indy http://flaviogomes.grandepremio.uol.com.br/tag/emerson-fittipaldi/

Há exatos 30 anos, Fittipaldi ganhava 500 Milhas de Michigan e se tornava primeiro brasileiro a vencer na Indy  http://grandepremio.uol.com.br/indy/noticias/ha-exatos-30-anos-fittipaldi-ganhava-500-milhas-de-michigan-e-se-tornava-primeiro-brasileiro-a-vencer-na-indy

Fittipaldi pilota F-1 da Lotus de 2010 http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/08/fittipaldi-pilota-f-1-da-lotus-de-2010-e-confessa-e-como-viver-de-novo.html

Ayrton Senna, from the heart – por Emerson Fittipaldi  http://www.flatout.com.br/ayrton-senna-do-coracao-por-emerson-fittipaldi/

Emerson Fittipaldi comemora fim de semana de conquistas dos herdeiros    http://globoesporte.globo.com/motor/noticia/2015/03/emerson-fittipaldi-comemora-fim-de-semana-de-conquistas-dos-herdeiros.html#atleta-emerson-fittipaldi

Aos oito anos, filho de Emerson Fittipaldi segue os passos do pai nas pistas  http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2015/06/aos-oito-anos-filho-de-emerson-fittipaldi-segue-os-passos-do-pai-nas-pistas-4785406.html

Emerson celebra sucesso da nova geração Fittipaldi: “Amor pelo esporte”   http://globoesporte.globo.com/motor/noticia/2014/09/emerson-celebra-sucesso-da-nova-geracao-fittipaldi-amor-pelo-esporte.html

Fotos legendadas  http://www.otempo.com.br/galeria-de-fotos/40-anos-do-bicampeonato-de-emerson-fittipaldi-na-f1-1.931576

Uma Vida em Alta Velocidade http://www.editoras.com/objetiva/480-1.htm

“The Name is Fittipaldi”   http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/voando-baixo/post/name-fittipaldi.html#atleta-emerson-fittipaldi

The name is Rato   http://flaviogomes.grandepremio.uol.com.br/2015/05/the-name-is-rato/

Original acrylic on board painting. Signed by the artist.  http://www.salerato.com/emmo.html

Frases de Emerson Fittipaldi   http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/emerson-fittipaldi/


               

Especial – Não é normal ver alguém usando uma réplica do capacete do “MOCO” em pleno ano 2015

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{jcomments on}Quando o Chubber chegou na 5ª etapa do Kart For Friends com seu capacete, eu decidi que o convite do Wellington para escrever aqui seria sobre os grandes pilotos do passado e o “MOCO” inauguraria a série.

Obrigado, Wellington, pilotofotógraforeporter! Obrigado, Chubber, o Professor que nos ensina a curtir o passado das pistas!

Antes de qualquer coisa, eu sou mais admirador do que conhecedor, por isso conversei com amigos fanáticos e recorri à internet para reunir fatos e fotos nessa matéria. Acabei consolidando um resumo tão potente quanto o cara que correu de Gordini a Fórmula 1 e, infelizmente, se foi antes de esgotar todo seu talento.

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Aproveito para gradecer e recomendar, em especial, o Facebook do José Carlos Pace (MOCO) , Grupo público com muito material de quem realmente conhece e gosta.

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José Carlos Pace é o nome oficial do Autódromo de Interlagos desde 1985 que completou 75 anos (12/05/1940) e é um dos poucos  circuitos  do mundo onde se corre no sentido anti-horário. A pista original foi inspirada nos melhores pontos dos circuitos de Brooklands na Inglaterra, Monthony na França e Monza na Itália. Há quem defenda que Indianápolis, nos Estados Unidos, também participou desse processo. O traçado original tinha quase 8 km de extensão cobertos por 435 toneladas de asfalto.


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José Carlos Pace

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O filho caçula do seu Ãngelo e da dona Amélia nasceu em São Paulo, no dia 06 de outubro de 1944. Garoto comilão, dorminhoco e excelente nadador, descia as ladeiras do bairro do Pacaembú (onde morava) com um carrinho de rolimã, presente de um vizinho alemão marceneiro.

 

Começou correndo com kart, aos 17 anos.  Escondido dos pais, guardava os equipamentos de pilotagem na casa da namorada (Elda).

 

Em 1963 disputou sua prova de estreantes. Pilotou Gordini, DKW-Vemag e Renault Dauphine, mas sua primeira vitória veio com um Willys Interlagos, em Araraquara.

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Eram as categorias de Turismo e, em 1964, participou das “6hs de Curitiba”, “500 Km da Guanabara” e venceu as “3 Horas de Interlagos”.

 

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Em 1965, Carlos Pace venceu as “Mil Milhas de Interlagos” com a Carretera Gordini, correndo em dupla com Luiz Pereira Bueno.
No ano seguinte, começou a correr pela Equipe Daconcom os Karmann-Ghia Porsche, nas “1.000 Milhas”, em Interlagos.

 

Em 1967, venceu duas corridas de longa duração com os carros da Dacon: as “12 Horas de Interlagos”, com Anísio Campos, e os ”1.000 Km de Brasília”, com Wilson Fittipaldi Jr.

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No ano de 1968 foi contratado pela Equipe Willys para pilotar um novo protótipo Bino Mk II. Correndo em dupla com Luiz Pereira Bueno ele venceu os “1.000 Km de Brasília” e as duas outras provas no Rio de Janeiro, sagrando-se Campeão Brasileiro.

 

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Em 1969, Moco provou que era bom com os monopostos, estreando com vitória no campeonato brasileiro de ”Fórmula Vê”. Mas com a chegada dos potentes carros importados ele passou a correr pela Equipe Jolly-Gancia, estreando com uma vitória (a sua terceira consecutiva) nos “1000 Km de Brasília”, com urna Alfa Romeo GTA, em dupla com Marivaldo Fernandes.

 

Também venceu as “3 Horas da Guanabara” e os “500km de Salvador” com uma

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O automobilismo maior estava na Europa e Pace fez parte da geração de pilotos brasileiros que iniciou a invasão das pistas europeias onde o talento brasileiro tinha espaço junto aos construtores.

  

012e chegou vencendo o campeonato inglês de Fórmula 3. Em provas extra-campeonato, venceu em Imola e foi segundo colocado em Monza.

 

Em 1971 disputou F2 e F3, na Europa e no Brasil.
Venceu o GP de Ímola de Fórmula 2 com 0 March 712 da equipe de Frank Williams.
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 Em 1972, estreou na F1 no GP da África do Sul pela equipe Williams, que na época utilizava carros March da temporada anterior. Ainda assim, Pace pontuou duas vezes, conquistando surpreendentes 3 pontos (6º lugar no GP da Espanha e 5º na Bélgica), terminando o campeonato em 16º lugar.

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 TEAM WILLIAMS MOTUL MARCH GB  –  F1  GP SOUTH AFRICA . 4 / MAR / 1972   – MARCH 711-3  FORD COSWORTH DFV V8

 

 

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No ano seguinte, assinou dois contratos:
um com 
a Ferrari para disputar o “Mundial de
Marcas” 

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E o outro contrato ele assinou com a equipe Surtees na Fórmula 1.

 


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 Moco era talentoso o suficiente para impressionar logo de cara: os únicos pontos da equipe na temporada foram marcados por ele, com um 3º lugar no GP da Áustria e 4º na Alemanha.

 

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Na foto: o sueco Ronnie Peterson (LOTUS), o belga Jacky Ickx (MCLAREN), o austríaco Niki Lauda (BRM), o argentino Carlos Reutemann (BRABHAM), o americano Peter Revson (MCLAREN), Pace na SURTEES, o australiano Denny Hulme (MCLAREN), Emerson Fittipaldi na LOTUS, Wilson Fittipaldi na BRABHAM, Jean Pierre Beltoise (BRM), o italiano Clay Regazzoni (BRM).

Depois disso, parece que são: Stommelen, Henri Pescarolo, Hailwood, Jochen Mass, Mike Beutler…

Comentários publicados:

Essa foi a primeira corrida de F1 em que 3 brazucas marcaram pontos. Moco em 4º, Wilsinho em 5º e Emerson em 6º. O Moco quebrou o recorde de volta umas 4 vezes… Andou muito com a carroça do John Surtees.

Curiosidades:

Os líderes Jackie Stewart, de BRM (nessa que foi sua última vitória na F1) e François Cevert , da TYRRELL (que morreria nos treinos para o GP dos EUA, em outubro) já haviam passado.

François Cevert era casado com a irmã de Jean Pierre Beltoise (Jacqueline), portanto eram cunhados!

 

1974 foi um “ano duplo” para José Carlos Pace. Nos primeiros meses, correu de Surtees até o GP da Suécia e com a Brabham a partir do GP da França. E foi com o carro da Brabham que ele conquistou seu primeiro pódio quando chegou em 2º lugar no GP dos EUA.

 

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Jose Carlos Pace com a Brabham-Ford BT44 no GP Alemanha 1974, voando em Nurburgring

 

 

 

Em 1975, chegou a ser considerado um dos candidatos ao título. No 1º GP da temporada, ele estava em liderando a corrida quando seu carro apresentou problemas e ele foi forçado a abandonar a corrida.

 

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No GP seguinte, o do Brasil (26/01/1975), como segundo piloto da Brabham BT-44, Pace conquistou sua única vitória na Fórmula 1, a primeira de um brazuca em casa! E foi dobradinha com Emerson Fittipaldi!

 

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 1º José Carlos Pace,  2º Emerson Fittipaldi,  3º Jochen Mass

 

Antes da largada, parte da torcida arremessou latas e garrafas na pista. Quem estava lá explica que a péssima atuação foi porque um caminhão pipa jogou água na torcida em função do forte calor daquele dia, mas duas vezes a água acabou antes de banhar a galera do meio da arquibancada. A água dava da ponta até quase o meio e, para ser justo, a segunda passada começou pela outra ponta mas também acabou antes de banhar a galera do meio. Quando iam começar a jogar água na torcida pela terceira vez, de novo a partir da ponta, a galera do meio arremessou latas e garrafas de vidro na pista. Emerson, Wilsinho e Carlos Reutemann pediram para a torcida parar enquanto recolhiam o que podiam da pista e eles mesmos orientaram o caminhão pipa para molhar primeiro o meio da arquibancada.

 

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 https://www.youtube.com/watch?v=Tn257UmBmDc

 

 

Neste ano Pace ainda conseguiu mais dois pódios! Foi escolhido o quarto melhor piloto do mundo pelo anuário Autocourse, seguindo Jackie Stewart, Ronnie Peterson e Emerson Fittipaldi.

 

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 GP Inglaterra, Watkins Glen, 1975 Brabham BT44b-Cosworth V8

 

É o visual MartiniRacing dessa Williamsque se repete atualmente com023

 

 

 

Em 1976, Pace desenvolveu o Brabham BT-45, com motor Alfa Romeo de 12 cilindros.

 

024no GP da Alemanha,num ano difícil com todos os problemas da troca do confiável motor Cosworth pelo nervoso e pesado Alfa Romeo.

 

 

 

 

 

Em 1977 ele seria favorito para ganhar o título mundial com o BT-45 B da BRABHAM, muito acertado. Chegou a liderar a 1ª prova  (GP da Argentina) mas terminou em 2º lugar  porque sofreu com o forte calor e acabou ultrapassado por Joddy Scheckter.

Seu último Grande Prêmio foi o da África do Sul, no circuito de Kyalami, no dia 5 de março de 1977. Pace largou em segundo lugar, tendo o pole James Hunt, da McLaren, ao seu lado, mas com problemas em sua Brabham, terminou em 13º. Emerson Fittipaldi, com seu COPERSUCAR FORD, terminou em 4º lugar.

 

 

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Dispensado por Bernie Ecclestone de correr no GP dos Campeões, em Brands Hatch , Pace retornou ao Brasil. Casado com Elda, tinham 2 filhos: Patrícia (com 4 anos) e Rodrigo (com 1 ano).

                No dia 18 de março ele decolou do Campo de Marte para Araraquara. O avião, voando baixo em virtude do mau tempo, chocou-se contra árvores na Serra da Cantareira, no município de Mairiporã.  Moco está sepultado no Cemitério do Araçá.

 

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MOCO, apelido que ganhou por se fazer de “surdo” para o que não lhe interessava, fez parte da geração de pilotos de kart que
se formou em Interlagos na década de 60, ao lado de Emerson e Wilson Fittipaldi, Luiz Pereira Bueno, Marivaldo Fernandes e Bird Clemente.

 

  

A pintura original do seu capacete preto tinha uma seta amarela que apontava para a viseira na frente e se dividia em duas para trás, uma para cada lateral. Em 1974, Moco mudou de equipe e de seta, que passou a subir da viseira. O motivo tem duas versões: Moco achava que não era a melhor estética porque havia ficado antiga; e Moco sonhou com o pai criticando a seta para baixo.

 

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Mesmo no auge da carreira internacional, vinha muito ao Brasil e sempre estava nas pistas. Disputou o Campeonato Brasileiro de Turismo num Ford Maverick em dupla com Paulo Gomes com quem também venceu as “24hs de Interlagos”. 

Em 1976, participou do filme “Bob Deerfield” onde foi dublê de Al Pacino, que vivia um piloto americano que foi correr na Europa. No GP da África do Sul, teve que trocar a bandeira brasileira no aerofólio pela dos EUA para compor o personagem do filme.

 

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Sabia fazer marketing. Quando foi impedido de divulgar marcas no macacão, para dar lugar aos patrocinadores da equipe, começou a alugar os espaços do capacete, praticamente pioneiro da modalidade, mantendo marcas brasileiras no maior mundo do automobilismo, além da bandeira brasileira no aerofólio e no macacão.

Com um estilo considerado “muito arrojado”,  destacou-se frente às possibilidades dos carros que pilotou em toda a sua carreira, o que o colocou num nível muito acima de seus colegas de equipe.

Além de José Carlos Pace, somente Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna e Felipe Massa subiram no lugar mais alto do pódio de Interlagos.

Um resumo tão potente quanto o cara que se tornou um dos ídolos do automobilismo brasileiro.

José Carlos Pace pode ser mais conhecido e lembrado nos muitos sites e blogs* que reúnem todas as informações e ilustrações desta homenagem. Há, também, o livro “José Carlos Pace – O Campeão Mundial sem Título”, de Luis Carlos Lima.

*Confira, essa lista vale a pena!

http://www.enciclopediaf1.com.br/pilotos/jose-carlos-pace

http://rodrigomattar.grandepremio.uol.com.br/tag/jose-carlos-pace/

http://www.nobresdogrid.com.br/site

https://rafaelschelb.wordpress.com/tag/jose-carlos-pace/

http://www.flatout.com.br/os-40-anos-da-primeira-dobradinha-brasileira-na-formula-1/

http://gilmarioserrot.blogspot.com.br/2012/03/formula-1-jose-carlos-pace-o-esquecido.html

http://www.gpexpert.com.br/2013/12/homenagem-jose-carlos-pace-capacete.html

http://www.correiodopovo.com.br/blogs/pitlane/?tag=jose-carlos-pace

 

Mosaico do MOCO:


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Até a próxima!

 

Forte aBRAÇO!

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Fábio Gomara, o Binho, 53 anos, piloto amador desde 1984, tem emoção de sobra para contar o que sentimos de tão legal no mundo das corridas.

Esperamos agradar o suficiente para fazer com que quem não conhece, pesquise (porque vai gostar) e para quem já conhece, lembrar mais uma vez.

Participe acompanhando com críticas e sugestões.

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{module Outras Colaborações – Binho}

 

Especial – Binho conta as as historias dos pilotos homenageados nos capacetes que vemos pelos kartódromos

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{jcomments on}Um jovem no autódromo de Interlagos em plenos anos 80. Mais do que assistir corridas, viver a melhor sensação.

Um cinquentão no kartódromo da Granja Viana. Mais do que participar das corridas, continuar vivendo a melhor sensação.

 

Quando encontrei o Wellington na 5ª etapa do KFF 2015, não imaginava a surpresa dupla:
Rever o capacete do Moco e ganhar a promessa de correr com ele na última etapa.

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Explico: outro cinquentão alucinado por automobilismo é o Chubber*. Ele tem diversos capacetes que homenageiam os grandes pilotos do passado e chegou com o do Moco pra correr a 5ª etapa do KFF no Kartódromo da Granja Viana. 

 

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*Chubber Pereira dos Santos,

santista desde 18/08/1964,

descobriu o automobilismo em 1971 numa corrida de Fórmula Ford internacional com Emerson e Wilson Fittipaldi, além de José Carlos Pace.

Exímio conhecedor dos pilotos do passado, em especial das décadas de 60 e 70, tem uma coleção de capacetes que replicam com incrível exatidão feras como Piquet, Mansell, Schumacher, Clay Regazzoni, Fracois Cevert e Gilles Villeneuve entre outros campeões.


Para se ter uma ideia da paixão, quando criança desenhava os capacetes dos pilotos e quando o pai o levava a Interlagos, ele apontava quem era quem na pinsta para aquele monte de adultos que não sabiam tanto… 

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Por tudo isso e mais o que vamos conhecer desse aficionado conforme formos contando as estórias dos grandes pilotos, já podemos reconhecer que o Chubber é, de fato, piloto!

Quando ele chegou com o capacete pintado e-x-a-t-a-m-e-n-t-e como o do José Carlos Pace, parei o papo com o Wellington e fiquei admirando aquele passaporte para o tempo em que automobilismo era praticamente zero tecnologia. O tempo dos Grandes Pilotos!

O Wellington me convidou para escrever no Kart Amador SP e, com o capacete do Moco, digo, do Chubber, decidimos começar falando sobre os grandes pilotos. Nada melhor do que um apaixonado por corridas dar espaço para outro reforçar o quanto automobilismo é fascinante.

  

 

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Aqui começa uma série de matérias sobre os caras que fizeram a melhor época do nosso esporte favorito. Um a um, vamos passar pela estória das corridas através das estórias dos pilotos, pra contar para a geração atual como foi o auge do automobilismo sem telemetria nem radio comunicação.

Vamos pra pista! Na próxima matéria, o homenageado que motivou tudo isso:
José Carlos Pace, o MOCO.

Pace era um dos caras que pilotavam F1 nos anos 70 e isso era muita coisa!

 

Forte abraço!

ass-binho

 

 

 Participe acompanhando com críticas e sugestões.


 

Fábio Gomara, o Binho, 53 anos, piloto amador desde 1984 (e piloto de autorama e carrinho de rolimã desde os 8!) tem emoção suficiente pra querer contar o que vemos de tão legal no mundo das corridas. Esperamos agradar o suficiente para quem não conhece, pesquisar (porque vai gostar) e pra quem já conhece, lembrar mais uma vez.

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{module Outras Colaborações – Binho}